José Vanilson
Julião
Jornalista
A Assembléia Geral referendou nesta
quinta-feira, por aclamação, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de
Portugal, António Guterres, 67, para o cargo de secretário-geral da ONU. Ele ficará
no cargo por cinco anos a partir de janeiro.
O lusitano foi primeiro-ministro de Portugal
de 1995 a 2002 e chefiou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados, de junho de 2005 a dezembro de 2015.
A designação do ex-chefe de governo português
contraria constatação exclusiva do blog, feita em 12 de abril do ano passado,
como atesta a reprodução do texto abaixo.
Assim Guterres quebra dois tabus. É o
primeiro político de língua portuguesa alçado ao cobiçado cargo. E o primeiro
ex-governante a assumir a função.
“A falácia do secretariado-geral da ONU”
Desde a fundação da
Organização das Nações Unidas nenhum ex-presidente, ex-primeiro-ministro ou
qualquer chefe de governo ou Estado fora nomeado para o tão importante e
responsável cargo de escala mundial
Recentemente
tenho visto na internet inserções de uma fala do presidente norte-americano,
Barack Obama, na qual ele teria sugerido o nome do ex-presidente brasileiro,
Luiz Inácio Lula da Silva, para ocupar a função de secretário-geral da
instituição mundial surgida pós II Guerra Mundial, sucessora da Liga das
Nações.
Esta história
não é nova. Começou em março de 2010 com os palestinos, sendo encampada em
outubro do mesmo ano pelo histrião Evo Morales.
Para efeito de
situar o leitor a Liga ou Sociedade das Nações surgiu em 28 de abril de 1919,
portanto 26 anos antes de ser desativada, durante encontro dos países
vencedores da I Guerra, no histórico Palácio de Versalhes, nos arredores de
Paris, capital francesa.
No mesmo local foi assinado por 44 países, em 18 de junho do mesmo ano, o
tratado da nova ordem mundial.
A ONU é criada
em 24 de outubro de 1945 e instalada em 18 de abril do ano seguinte. Conta,
atualmente, com 193 países membros, mais o Estado do Vaticano e Palestina.
Quase cinco vezes mais do que o antigo número da Liga. Mas perde em número de
filiados para a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), que passa
dos 200 membros nos cinco continentes: Europa, Ásia, África, Oceania e América
(Norte, Central e Sul).
Secretário geral
Desde 2 de
fevereiro de 1946 até hoje oito são as personalidades que exerceram ou exerce o
cargo. De igual número de nações diferentes. Portanto não repetidas.
Tres são europeus. Dois deles de países nórdicos, Noruega e Suécia, justamente
os dois primeiros. Um veio da Áustria. A Ásia também contribui com dois
indicados: Birmania e Coréia do Sul. A áfrica com dois: Egito e Gana. América
do Sul completa a lista (Peru).
Dos indicados o
primeiro a ocupar o cargo renunciou. O segundo morreu na função. A próxima
indicação acontecerá no próximo ano, quando termina o segundo mandato
consecutivo, de cinco anos, do atual secretário geral, nomeado pela Assembléia
Geral, após recomendação do Conselho de Segurança. Um dos critérios é ter
rodízio entre os continentes.
Vedado os cinco
países membros permanentes do Conselho: Estados Unidos, França, Rússia, China e
Reino Unido. São três europeus, um americano e um asiático.
Ao todo são 15 membros, sendo que os outros dez são eleitos. O atual presidente
é o sul-coreano Ban Ki-moon, desde 2007 (abaixo a lista de todos os nomeados)
A maioria dos
nomeados foram ou são diplomatas de carreira. Alguns com carreiras políticas em
seus países. De todos apenas um chegou a ser presidente de uma nação, em 1986,
a austríaca, mesmo assim eleito depois de deixar o cargo de secretário.
Portanto, salvo um milagre da política internacional, somente um milagre conduz
Lula para a ambicionada cadeira, na sede da ONU, em Nova York, nos Estados
Unidos.
O brasileiro
De destaque
nesta história toda apenas um brasileiro. O gaúcho Osvaldo Euclides de Souza
Aranha (1894 – 1960). Presidiu a II Assembléia Geral, em 1947, a qual resultou
na criação do Estado de Israel, instalado no Próximo Oriente ou Oriente Médio
(Ásia), em 1948.
SECRETÁRIOS
Trygve Lee
(Noruega): 46/52
Dag Hammarskjold
(Suécia): 53/61
U Thant (Birmania): 61/72
Kurt Waldheim (Áustria): 72/82
Jávier Pérez de
Cuéllar (Peru): 82/92
Boutros
Boutros-Ghali (Egito): 92/97
Kofi Annan
(Gana): 97/07
Ban Ki-moon
(Coréia do Sul): 2007/2016
Antonio Guterres
(Portugal): 2017/21