Harry Carey com a famosa camisa cinza, a indumentária diferente de todo goleiro De preto
José Vanilson Julião
A segunda metade dos anos 50 é a meninice da Frasqueira.
A torcida ainda não tinha consciência do poder de fogo. Mas já se ensaiava as manifestações.
Enquanto durante seis anos, entre 1955/59, quem dita e maneja o
termo é a imprensa.
No último final de
semana de novembro de 1954 o ABC e o América programam movimentação conjunta
para dois amistosos contra o Treze (Campina Grande). Sábado e domingo, 27 e 28.
O alvinegro
enfrenta primeiro o Galo da Borborema. O alvirrubro entra no Estádio Juvenal
Lamartine dia seguinte. São dois resultados com placar igual: 2 x 1. Mas com
vitória abecedista e derrota americana.
É neste contexto
fraternal entre os dirigentes dos dois principais clubes da capital que aparece
a primeira nota da imprensa citando o apelido “Frasqueira”(“O Poti, terça-feira, 26), como dito, na coluna (“Dizem Por Aí...”) de Alexandre de Amorim Garcia, o “Alex”. O verbete surge na terceira notinha (edição
101, página cinco do total de oito):
“Aquela da “frasqueira” abecedista carregar Harry Carey
(goleiro do Treze) em delírio depois do jogo doeu muito mais em muitos
americanos que qualquer outra coisa. Foi uma demonstração tácita que a grande
união ABC x América vive apenas na ilusão e nos negócios dos altos paredros. Na
miuçalha ABC é ABC e América é América e acabou-se.
Alguém no fim do
jogo procurava em sua santa indignação uma causa para que os torcedores
levassem Harry Carey (defendeu uma penalidade do ponta-direita Gilvan Cavalcanti
Vieira no último minuto do jogo) em triunfo e não encontrava.
Há dias passados
Paulo Isidro chutara em cima de Gerim (o mossoroense Jeronimo, daí a corruptela
do apelido, goleiro americano) e o povo (sic) do ABC sofrera uma troça
danada...”
Em janeiro de 1955
os leitores dos jornais ainda não estavam preparados para se acostumar com o “Frasqueira” para lá e para cá. Porém é a segunda vez que o apelido da torcida é
citado na mesma coluna por conta do gesto simbólico ocorrida na “festa dos campeões”da temporada passada no domingo
anterior.
Veja o que traz “O
Poti” (sexta-feira, 14/1): - ...muitos chegaram até ás lágrimas
de emoção quando falam naquela cena da diretoria acenar com lenços brancos para
a geral, a famosa “frasqueira”,
reduto inabalável do prestígio e da força do velho ABC...
Ator americano Harry Carey
Nota de redação: O pernambucano de
Águas Belas, Sebastião Cordeiro dos Santos (11 de novembro de 1926), o “Harry
Carey”, com passagens pelo Democrático (1944/50), Treze
(1951/55), Ceará (1956/59) e Fortaleza (1960/63), recebe o apelido pela
semelhança com o ator norte-americano Henry DeWitt Carey II (1878 – 1947),
astro do faroeste no Cinema Mudo.
FONTES/IMAGENS
O Poti
O Gol
Retalhos Históricos
de Campina Grande
Wikipedia
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