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quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A origem potiguar do antigo goleiro botafoguense (V)

Jornalista Paulo Guilherme

José Vanilson Julião

No hiato 1927 a 1934 a pesquisa, pela escassez de informações, pouco levantou sobre as atividades do aristocrata potiguar Ramiro Gomes Pedrosa como dirigente do tricolor ou como homem de negócios com o algodão.

Porém quem dá mais ou menos as pistas acerca dos acontecimentos é o jornalista Paulo Henrique de Morais Ramos Oliveira, o “Guri”, no livro “Goleiros: Heróis e Anti-Heróis da Camisa 1” (Editora Alameda – 2006):

- O senhor Ramiro Gomes Pedrosa, pai do goleiro, era torcedor fanático do Fluminense. Levava o menino sempre aos seus jogos nas Laranjeiras. Pedrosa cresceu vendo Marcos Carneiro de Mendonça jogar. Apesar dos esforços do pai, o menino Roberto não torcia muito para o Fluminense. Gostava mesmo era de ficar estudando a técnica do goleiro, a maneira como Marcos resolvia em campo as equações geométricas, a cobertura dos ângulos, a bissetriz da bola...

Capa da segunda edição (2014)

Segundo o jornalista-escritor, Pedrosa foi concluir os estudos na Europa (como fizeram os pais dos tios Fabrício e Fernando, lá no final do século XIX começo do século XX, mandando-os estudar em colégios da Inglaterra e da Suíça), quando recebe a notícia de que as finanças familiares são abaladas pela crise do café, uma das situações econômicas, no Brasil, causada pela queda abrupta das bolsas de valores norte-americanas, precisamente em Nova Iorque, o centro financeiro ianque.

Obrigado a voltar ao Brasil, diz Paulo Guilherme, aproveita o tempo livre praticando esportes. Natação e basquete até se definir pelo futebol. “Pedrosa já demonstrava apreço pelo Botafogo e se inscreveu no clube com 18 anos (sic). Um ano depois, em 1931, faz a primeira partida no time principal em goleada de 7 a 1 sobre o Corinthians. Passou um ano na reserva de Victor, o “Gatinho”, um goleiro ágil e seguro, que foi campeão da Copa Rio Branco com a seleção brasileira (1932)...”

Em 1933, titular, é campeão pela Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). No ano seguinte, aos 20 anos e 11 meses, é um dos dois goleiros na Copa do Mundo (1934), quando, 12 dias antes de completar 21, joga a única partida do Brasil na competição (27 de maio). No Estádio Luigi Ferraris (Genova). Perde para a Espanha (1 x 3). Gols de Iraragorri 18 (penalidade máxima), Langara 27 e 36, descontando Leônidas da Silva (11/2).

O Brasil, com camisa branca e detalhes em azul, ainda tem um gol de Luisinho anulado pelo árbitro alemão Birlem (impedimento) e o paulista Valdemar de Brito – aquele que descobre Pelé nos anos 50 – também perde um tiro direto da marca do pênalti aos 24 minutos da etapa complementar.

Os jornais da época e a literatura esportiva indicam que o Brasil enviou para a Itália um selecionado enfraquecido. No ano anterior a Confederação Brasileira de Futebol (CBD) não havia aderido ao recém implantado sistema profissional para conter o êxodo de craques para o exterior (Europa, Argentina e Uruguai, principalmente) e os clubes fundaram a Federação Brasileira de Futebol (FBF).

Como a CBD, pelo amadorismo, era a única entidade representativa filiada a FIFA (Federação Internacional de Futebol Association), com sede em Genebra (Suíça), dava as ordens e teve que apelar para os serviços do Botafogo Futebol Clube, o único clube grande do eixo Rio-São Paulo que permanecera fiel ao antigo sistema. O alvinegro, portanto, cede os guarda-metas Pedrosa (convocação criticada pelos paulistas pela pouca idade) e Germano Boettcher Sobrinho.

A Confederação ainda lista Sílvio Hoffmann, Valdemar de Brito e Armandinho (São Paulo da Floresta), o gaúcho Luiz Luz, Tinoco e Leônidas da Silva (Vasco da Gama), todos, ironicamente, com contratos firmados, preto no branco, tinta no papel.

Roberto Gomes Pedrosa no único jogo do selecionado na Copa de 1934/Reprodução: site Elencos


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