Jornalista Paulo Guilherme
José Vanilson
Julião
No hiato 1927 a 1934
a pesquisa, pela escassez de informações, pouco levantou sobre as atividades do
aristocrata potiguar Ramiro Gomes Pedrosa como dirigente do tricolor ou como
homem de negócios com o algodão.
Porém quem dá
mais ou menos as pistas acerca dos acontecimentos é o
jornalista Paulo Henrique de Morais Ramos Oliveira, o “Guri”, no livro “Goleiros:
Heróis e Anti-Heróis da Camisa 1” (Editora Alameda – 2006):
- O senhor
Ramiro Gomes Pedrosa, pai do goleiro, era torcedor fanático do Fluminense.
Levava o menino sempre aos seus jogos nas Laranjeiras. Pedrosa cresceu vendo
Marcos Carneiro de Mendonça jogar. Apesar dos esforços do pai, o menino Roberto
não torcia muito para o Fluminense. Gostava mesmo era de ficar estudando a
técnica do goleiro, a maneira como Marcos resolvia em campo as equações geométricas,
a cobertura dos ângulos, a bissetriz da bola...
Capa da segunda edição (2014)
Segundo o
jornalista-escritor, Pedrosa foi concluir os estudos na Europa (como fizeram os
pais dos tios Fabrício e Fernando, lá no final do século XIX começo do século
XX, mandando-os estudar em colégios da Inglaterra e da Suíça), quando recebe a
notícia de que as finanças familiares são abaladas pela crise do café, uma das
situações econômicas, no Brasil, causada pela queda abrupta das bolsas de
valores norte-americanas, precisamente em Nova Iorque, o centro financeiro
ianque.
Obrigado a voltar
ao Brasil, diz Paulo Guilherme, aproveita o tempo livre praticando esportes. Natação
e basquete até se definir pelo futebol. “Pedrosa já demonstrava apreço pelo
Botafogo e se inscreveu no clube com 18 anos (sic). Um ano depois, em 1931, faz
a primeira partida no time principal em goleada de 7 a 1 sobre o Corinthians.
Passou um ano na reserva de Victor, o “Gatinho”, um goleiro ágil e seguro, que
foi campeão da Copa Rio Branco com a seleção brasileira (1932)...”
Em 1933,
titular, é campeão pela Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). No
ano seguinte, aos 20 anos e 11 meses, é um dos dois goleiros na Copa do Mundo
(1934), quando, 12 dias antes de completar 21, joga a única partida do Brasil
na competição (27 de maio). No Estádio Luigi Ferraris (Genova). Perde para a
Espanha (1 x 3). Gols de Iraragorri 18 (penalidade máxima), Langara 27 e 36,
descontando Leônidas da Silva (11/2).
O Brasil, com
camisa branca e detalhes em azul, ainda tem um gol de Luisinho anulado pelo
árbitro alemão Birlem (impedimento) e o paulista Valdemar de Brito – aquele que
descobre Pelé nos anos 50 – também perde um tiro direto da marca do pênalti aos
24 minutos da etapa complementar.
Os jornais da
época e a literatura esportiva indicam que o Brasil enviou para a Itália um
selecionado enfraquecido. No ano anterior a Confederação Brasileira de Futebol
(CBD) não havia aderido ao recém implantado sistema profissional para conter o êxodo
de craques para o exterior (Europa, Argentina e Uruguai, principalmente) e os
clubes fundaram a Federação Brasileira de Futebol (FBF).
Como a CBD, pelo
amadorismo, era a única entidade representativa filiada a FIFA (Federação Internacional
de Futebol Association), com sede em Genebra (Suíça), dava as ordens e teve que
apelar para os serviços do Botafogo Futebol Clube, o único clube grande do eixo
Rio-São Paulo que permanecera fiel ao antigo sistema. O alvinegro, portanto,
cede os guarda-metas Pedrosa (convocação criticada pelos paulistas pela pouca
idade) e Germano Boettcher Sobrinho.
A Confederação
ainda lista Sílvio Hoffmann, Valdemar de Brito e Armandinho (São Paulo da
Floresta), o gaúcho Luiz Luz, Tinoco e Leônidas da Silva (Vasco da Gama), todos,
ironicamente, com contratos firmados, preto no branco, tinta no papel.
Roberto Gomes Pedrosa no único jogo do selecionado na Copa de 1934/Reprodução: site Elencos |
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