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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

O cliente do "Grand Hotel d'le Univers"

Félix C. de A. Mello em 1880

José Vanilson Julião

O memorialista amador e sem qualquer pretensão literária, o senhor de engenho Félix Cavalcanti de Albuquerque Mello (Cabo de Santo Agostinho, 28/9/1921 - Cambôa do Carmo-Recife, 28/9/1901) - como visto, é autor do livro familiar.

Organizado pelo bisneto, com introdução do primo e escritor Gilberto Freyre - foi casado com dona Joaquina de Oliveira Silva (1925 - 29/10/1885) e da união nasceram quatro filhos: Heráclito (1844), Aristarco (1846), Lisbela (1847) e Demócrito (15/2/1850 - 1904).

F. C. de . Mello nasceu no Engenho Jundiá (Freguesia da Escada), parte da comarca do Cabo. Publicou interessante livro com dados e datas de nascimento, falecimento, fotos, casos familiares, parentes, amigos e contemporâneos distantes ou não.

Era filho de Francisco Casado de Albuquerque (1778 - 10/2/1836), nascido no Engenho Quitinduba (casou-se em segundas núpcias em

Félix C. de A. Mello em 1900

1808) e de Rosa Francisca Câmara (1784 - 7/4/186), nascida no Sítio Sobradinho.

Sendo neto paterno de Antônio Bezerra Cavalcanti de Albuquerque (1756) e de Mércia Manoela de Barros Wanderley. Casou-se em 18/2/1843 nos Arrombados.

Nas memórias o provecto patriarca revela que "se aposenta do serviço público" (sinal de que deixara as lides agrícolas, graças a intervenção do filho Demócrito (a seguir).

MINISTRO

O filho mais conhecido Demócrito C. de A. Mello, nascido no município de Vitória de Santo Antão, foi ministro do Tribunal de Contas da União.

Diz Freyre: “Filhos e netos de Félix regressaram a terra e a engenhos; mas sem as raízes profundas dos avós, sem o antigo bom ânimo rural. A maior parte e a mais bem sucedida urbanizou-se, integrada na política, serviço público, magistratura e magistério”.


Freyre remete ainda ao próprio nome de batismo de Demócrito como reflexo do processo histórico de desruralização e sofisticação ao qual estavam imersos o senhorio pernambucano.

“Félix foi dando aos filhos nomes gregos e romanos; cheios de erudição profana; com certo travo de paganismo e irreverência pela tradição católica, como insinuou, n’O Carapuceiro, o padre Lopes Gama: Licurgo, Demócrito, Heráclito, Tales, Teócrito. E não mais os nomes simples e liricamente cristãos dos meninos batizados nas capelinhas das casas-grandes...

Como era praxe entre os filhos da açucarocracia pernambucana do século XIX, Demócrito estudou na Faculdade de Direito de Recife (1873/75).

Estudante foi jornalista até 1874, quando passou a exercer o cargo de delegado de polícia em Pernambuco. No ano seguinte passou a ajudante de procurador e fiscal do Tesouro Provincial.

Ministro do TCU Demócrito Mello

Deputado provincial em Pernambuco veio a ocupar o posto de secretário da presidência do Pará (1886). Foi ainda inspetor da Alfândega paraense (1889).

Regressou a Pernambuco para a Inspetoria da Tesouraria da Fazenda até 1890. Retorna ao jornalismo em "O Tempo".

Em 1891 tornou-se diretor da Tomada de Contas do Tesouro Nacional. É indicado como ministro em 1897. Tomou posse em 19 de junho de 1897.

Trabalhou na Corte até 1904 quando, por razão de enfermidade, teve que se licenciar. Faleceu em 27 de dezembro de 1904, em atividade.




FONTES/IMAGENS

Edgardo Pires Ferreira - A Mística do Parentesco (genealogia)

Tribunal de Contas da União


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