Consulta

domingo, 22 de outubro de 2023

A primeira regata no estuário do Rio Potengi

Capitania dos Portos (Avenida Câmara Cascudo/Cidade Alta) na descida para a Ribeira

Superintendente britânico da estrada ferro “Great Western”, Samuel Hewett Agnew, envolvido na organização

José Procópio Filgueira Neto*

A regata teria cinco páreos com escaleres de seis (“Deodoro da Fonseca" e "Floriano Peixoto) e os demais com es­caleres de quatro remos ("Igualdade", "Liberdade" e "Fraternidade"), denomina­dos assim em homenagem a França, e "Benjamim Constant", "Silva Jardim" e "José Bonifácio" com cinco.

Participariam duas baiteiras com três remos “patroadas” por Luiz Cortez e pelo remador Alfredo Cor­reia e duas baleeiras com seis remos ("Dantas" e "Rio Branco"), tripuladas por alunos da Escola de Aprendizes Marinheiros com patrões, tenente João Santos (organizador) e José de Barros.

Para identificação dos juízes as embar­cações usariam bandeiras de cores dife­rentes.

De chegada: Fer­reira Chaves (governador), desembargadores Vicente de Lemos, Vieira de Melo, Antônio de Souza, coronéis Juvino Barreto, Romualdo Galvão, doutores Horácio Barreto e Thomaz Gomes;

De partida: doutores Eutíquio Autran, Genésio de Brito, Alípio Barros, João Nepomuceno, coronéis Gas­par Monteiro e Manoel Filgueira de Ara­újo;

de arquibancadas: doutor Fábio Rino, coronéis Olímpio Tavares, Rodrigues Viana, José de Viveiros e Joaquim Pere­grino;

de raias: Alberto Maranhão, Segundo Wanderley, coronéis Caldas So­brinho, Odilon Garcia, Pedro Avelino e Pedro Soares de Araújo.

Comissão de entrega de prêmios aos vencedores: Dalila e Sophia Maranhão, Jú­lia Monn, Maria José da Mota Bitencort e Maria Carlota de Lemos.

As esposas dos juízes da prova constituíam grupo de Juízas Protetoras, controlando ações contra possíveis investidas de outros tipos de "protetores".

Para que os assistentes pudessem parti­cipar da regata, fazendo apostas nos diferentes barcos, a comissão organizadora instalou no trapiche do Cais da Alfandega (Capitania dos Portos) e local da chegada uma barraca para a venda de “poules” (bilhetes) e prêmios em dinheiro.

O pú­blico ocupa margem do Potengi, desde o Paço da Pátria – local da partida – até o palácio do Governo na Rua do Comércio (Chile).

No meio do rio uma jangada com bandeira vermelha dividia as raias da competição.

Os fogue­tões anunciavam as partidas dos barcos, enquanto a banda de música da fábri­ca de tecidos executava dobrados nas che­gadas.

No palácio Ferreira Chaves, ao lado da esposa e dos integrantes das comissões, homenageava os vence­dores.

O primeiro páreo vencido pelo barco "Dantas" com o patrão José de Bar­ros, o segundo anulado por não ter a baiteira "Silva Jardim" cumprido inte­gralmente o percurso.

O barco "Liberdade" vence o terceiro, tendo como patrão João Santos, enquanto João de Barros, como patrão do barco "Deodoro" ganha o quarto. Por desistência é cancelado o quinto e último páreo.

O movimento de apostas chegou aos 60$000 (sessenta mil reis), além das cotas, os vencedores ainda fizeram jus a donativos oferecidos pelos casais Alberto Maranhão, Gaspar Monteiro e senhoras que não quiseram ser identificadas.

Dentre os prêmios um alfinete de gravata, de ouro e ónix ao remador José de Barros, ofereci­do pelo doutor Pedro Soares de Araújo; um porta relógio de cristal, em forma de leque, destinado ao patrão do barco "República", oferta de D. Maria Wanderley de Farias Caldas, esposa do Tenente-Coronel Caldas Sobrinho.

Os integrantes das guarnições vencedoras receberam medalhas de ouro cunhadas especialmente para o evento.

 

*Adaptação do texto publicado no “Jornal Zona Sul” em abril de 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário