Consulta

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Aventuras do estrangeiro na província (parte dois)


José Vanilson Julião

Sem sair do Recife, onde se instala após sair de Natal no começo do século XX (1902), o norueguês (dinamarquês?) Felipe Leinhardt se torna sócio da Fundição Brazileira Kobler & Cia., especializada na manufatura de máquinas e de fundições artísticas (ferro e bronze).

A empresa fundada em 1894, à Rua da Conceição (Rio de Janeiro), funciona em espaçoso edifício à Rua Vasco da Gama, 125, e emprega 120 operários e oficiais. Segismundo Kobler tem como sócio comanditário Philippe Deck.

Com a retirada deste entram para sócios, sucessivamente, Antônio Pereira da Costa (1896/1900) e nosso personagem, Leinhardt (1900/1908). Para que não fosse alterada a titulada firma Kobler admite como sócio comanditário o sogro.

Escultor mexicano R. Bernardelli

“A fundição é montada com maquinismo moderno; a força motriz é a elétrica, havendo motores a vapor que, em caso de desarranjo dos elétricos ou de interrupção de corrente, fornecem a energia necessária.

As máquinas e materiais são importados da Inglaterra. A empresa tem construído muitas máquinas, encarregando-se também da sua montagem e instalação, não só para a lavoura, como também para a indústria.”

Alguns dos importantes contratos executados são os das fábricas da Companhia Fiação e Tecidos Cometa (Serra de Petrópolis e Rio de Janeiro); Companhia Fiação e Tecidos Corcovado e Companhia Confiança Industrial.

“Kobler & Cia. têm também executado contratos para serviços à Marinha, Exército e municipalidades do Rio de Janeiro e Niterói, tais como ereção de monumentos ou estátuas de valor artístico, em ferro e bronze.”

Um dos trabalhos da companhia, durante a administração do prefeito Francisco Pereira Passos (1909), foi o lampadário de ferro encimado pelo relógio de quatro faces decorado com três figuras alegóricas de sereias aladas representando o comércio, a indústria e a navegação.

A obra localizada no Largo da Lapa é um dos exemplos da arquitetura artística da chamada “belle époque tropical”, de autoria do artista, escultor e professor mexicano José Maria Oscar Rodolfo Bernardelli y Thierry (Guadalajara, 1852 – Rio de Janeiro, 1931).

Irmão dos pintores Henrique (1858 – 1936) e Felix (1866 – 1905) fixa-se com a família no Rio Grande do Sul. Por volta de 1866 muda-se para o Rio com os pais, futuros preceptores das princesas Isabel (1846 – 1921) e Leopoldina (1847 – 1871), a convite de Pedro II (1825 – 1891).

Entre 1870 e 1876 frequenta as aulas de escultura de estatuária de Chaves Pinheiro (1822 – 1884) e de desenho de modelo vivo na Academia Imperial de Belas Artes.

Como aluno pensionista permanece em Roma (1877/84), estuda com os mestres Achille d'Orsi (1845 – 1929) e Giulio Monteverde (1837 – 1917).

De volta ao Brasil é professor de escultura em substituição a Chaves Pinheiro. Considerado um dos reformadores do ensino artístico Bernardelli é (1890/1915) o primeiro diretor da recém instituída Escola Nacional de Belas Artes.

Cria a categoria de aluno livre e o Conselho Superior de Belas Artes e propõe a edificação da nova sede na avenida Rio Branco. Em 1919, em Madri, é proclamado acadêmico honorário da Real Academia de Belas Artes de San Fernando.

Em 1931, no Rio de Janeiro, é fundado o Núcleo Bernardelli em homenagem aos irmãos Rodolfo e Henrique.

 

Fontes/Imagens

A República

Instituto Estadual do Patrimônio Cultural/RJ

Instituto Histórico de Patrimônio Nacional

Monumentos do Rio

Novo Milênio

Nenhum comentário:

Postar um comentário