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sábado, 8 de abril de 2023

O goleiro da "Seleção Fantasma" do Nordeste (I)

 José Vanilson Julião

Especial para o site "Gazeta de Natal"

Suponho que a maioria do residente do logradouro e o carteiro não devem saber de quem se trata o personagem, nome de rua no bairro Pajuçara, na Zona Norte da capital potiguar.

Everaldo Lopes

Os falecidos Everaldo Lopes Cardoso (jornalista) e Luiz Gonçalves Meira Bezerra (memorialista) escreveram excelentes perfis sobre o focado e uma reportagem da campanha do RN no Campeonato Brasileiro de Seleções (1934).

Luiz G. M. Bezerra

Por isso a surpresa com a encomenda para escrever sobre o goleiro Domício Bezerra das Neves (7/12/1913 –19/7/1980), o “Nenê”, com passagens pelo rubro-negro Sport Club Natal (o mesmo do remo), América e ABC.

Sob risco de não encontrar novidade procurei preencher lacunas do que se conhece do arqueiro, que aparecia na ponta-esquerda do alvirrubro no final da carreira, encerrada no rubro-negro Clube Atlético Potiguar.

Numa época em que imperava o amadorismo no futebol do RN em 1936 Domício já era funcionário da “Recebedoria de Rendas”.

Nos anos 30 a 50 ele e familiares eram presenças constantes nas notas sociais do diário católico “A Ordem”, primeira fase (1935/1954) e segunda fase (1962/1967), e no “Diário de Natal”.

Como se fosse combinado as notinhas dos aniversários – dele, da mulher Luiza Salete (com quem estava casado já em 1940) e a filhinha Eunice Maria (1941) – eram exatamente as mesmas. Cópias fieis. Sem tirar nem por.

No jornal Associado foram publicadas as notas de falecimento da mãe (janeiro/1950) e do pai (1969). Dona Liberalina Bezerra e José Gomes das Neves.

Consta no “Diário da Noite” – outro do condomínio Associado – que ele andou fazendo teste no Flamengo, América e só então se dirigiu ao Fluminense.

Sequência anunciada em perfis de “O Poti” no intervalo de dez anos. O primeiro um dia antes de completar 57 anos (1970); outro logo após a morte, fulminado por ataque cardíaco, quando estava internado na Casa de Saúde Natal.

O semanário (edição dominical do “Diário” em 3/8/1980) indica que Domício casa cinco vezes, gera 23 filhos (apenas um falecido na época e os demais residentes em Natal, Recife e no Sul) e deixa igual número de netos.

Aos 16 defendia a baliza do “Sport”. Em 1933, aos 19 anos, é alvo de duas reportagens no “Diário da Noite”. Com o arrazoado costumeiro da época o repórter o chama “arqueiro-misterioso” no treinamento do América carioca.

Em março o identifica em legenda de fotomontagem que ilustra o texto. Em agosto publica uma carta em que pede intermediação para se apresentar no clube do bairro das Laranjeiras.

Não sendo, portanto, intervenção do então dirigente abecedista, Vicente Farache Neto, como consta em reportagem da imprensa local.

O primeiro perfil no extinto semanário é ilustrado com uma reprodução fotográfica do diário carioca no centro com dois arqueiros ao lado. Com legenda indicando o repentino desaparecimento dele.

A outra foto, aos 16, como “keeper”. Nesta, datada de 1928, escrevera: “Para minha querida mãe e minhas irmãs uma lembrança...”

O emprego de fiscal pode viver tranquilamente e investe em imóveis. Como a aquisição de um terreno no loteamento conduzido pelo corretor de imóveis Humberto Pignataro (depois presidente do América).

Em nome do ex-governador Juvenal Lamartine de Faria. Conforme lista de reservas publicada na imprensa convocando os adquirentes a fazer pagamento na Casa Bancária Norte-rio-grandense Sociedade Anônima (3/1/1948).

E ainda encontrava tempo para compor, como sorteado, o corpo de sete jurados do Tribunal do Júri Popular da comarca de Natal. Como acontecera na quarta-feira (19/7/1950).

 FONTES

A Ordem

Diário da Noite

Diário de Natal

O Poti

O Potiguar

Blog do Marcão

Federação Internacional de Estatísticas de Futebol

Flunomeno

Jornal dos Sports

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