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sábado, 24 de maio de 2025

O "Morte Futebol Clube" dos estudantes do Atheneu (VII)

Dois mesatenistas - Eimar Carrilho e Túlio Bezerra - estão nesta turma de estudantes

A participação do torneio de tênis de mesa organizado pelo Aero Clube em setembro de 1931

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Após relatar as recepções para a delegação de futebol cearense e o oficialato e o time do cruzador inglês “Dautless”, na primeira semana de julho e última de agosto, finalmente a oitava reportagem da série sobre a pesquisa do coronel-aviador Hippólyto José da Costa – “História do Aeroclube do Rio Grande do Norte” – para o semanário “O Poti” (domingo, 30/3/1986), menciona algum esporte referente ao “Morte Futebol Clube”:

Organizado pela Diretoria de Diversões em setembro de 1931 a primeira competição de “ping-pong” tem enorme receptividade pelo ineditismo. O Aero Clube realiza uma disputa interna para escolher os representantes entre os sócios:

Afonso, Antônio, Carlos e Jacob Elihimas, Isaac e Jacob Volfson, Amadeo Grandi, Alfredo Ferreira, Sérgio Severo de Albuquerque Maranhão, Ernani Moura, Evilásio Santos Lima, Confúcio Barbalho, Júlio e Laércio, Andrade, Nélio Tavares e Henrique Olszewski.

As eliminatórias do “Torneio Interclube de Tênis de Mesa” começam dia 27/8 e no dia 30 são divulgados os classificados: Jacob Volfson (primeiro lugar), Afonso Elihimas (segundo), Antônio Elihimas (terceiro) e como reserva Amadeo Grandi. O campeonato começa dia 8 de setembro com os seguintes competidores:

América: Renato Teixeira da Mota (Neném, jogador de futebol), Humberto Nesi e Humberto Fernandes; ABC: Arthur Martins, Arnaldo Mendes e Lucílio Reis; Colégio Pedro II: Grácio Barbalho Túlio Bezerra de Melo e Astero Monte; Colégio Marista: Ernani Farache, Mário Fernandes e Edvaldo Romano; Força e Luz: José Reis, Genar Wanderley e Ernani Autran; Morte Futebol Clube: Eimar Carrilho, Isaac Volfson e Confúcio Barbalho.

As partidas finais foram disputadas em 10 de setembro. América campeão com Humberto Fernandes vencendo o ABC (3 x 0) representado por Lucílio Reis. Os disputantes receberam medalhas e o alvirrubro “vistosa” taça.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

América x Ferroviário: oficial depois do segundo amistoso

Elenco Tricolor no amistoso com imagem colorizada (1978): Gilberto, Marcos, Júlio, Arimatéia, Lúcio Sabiá, Ricardo Fogueira, Cândido, Edmundo, Paulo Maurício, Louro (Massagista), Luizinho, Jacinto, Paulo César, Doca, Manoelzinho, Jodecir, Jorge Bonga, Babá e Chico Alves

Evandro Ferreira Gomes

Texto/Imagem: Almanaque do Ferroviário

 

O registro acima é de uma raridade peculiar. Ele mostra o elenco coral de 1978 vestido, no PV, com um curioso agasalho vermelho.

O Ferrão era o campeão do 1º turno do Campeonato Cearense de 1978 e recebia o América/RN para um amistoso comemorativo.

O treinador Lucídio Pontes relacionou os atletas que aparecem na imagem do dia 13 de setembro, agora colorizada depois de tantos anos.

Um público de 3.360 pagantes compareceu à tradicional praça esportiva no bairro do Benfica.

O Tubarão da Barra ganhou o jogo por 4 × 2, com dois gols de Babá e dois gols de Jacinto. Aloísio Guerreiro marcou para a equipe potiguar, também com dois gols.

O Ferrão venceu com Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá (Júlio), Arimatéia e Ricardo Fogueira (Cândido); Jodecir, Doca (Jorge Bonga) e Jacinto; Marcos (Chico Alves), Paulo César (Luizinho) e Babá.

O América/RN perdeu com Cícero, Ivan, Joel Santana, Joel Copacabana e Sérgio; Ubirani, Dotto (David) e Marinho; Ronaldo Cruz, Aloísio Guerreiro e Erasmo (Ronaldo Alves).

A forte equipe potiguar chegou a fazer 2 × 0 no placar, mas tomou a virada. Como era um amistoso, o Ferroviário processou cinco substituições, o que é normal no futebol atual, porém na época apenas duas alterações eram permitidas nos jogos oficiais.

No América/RN, o goleiro Cícero foi campeão pelo Ferrão no ano seguinte. Na zaga potiguar, o ex-coral Joel Copacabana jogava ao lado de Joel Santana, que se transformou depois num vitorioso treinador do futebol brasileiro.

 

RETROSPECTO

América 1 x 1 Ferroviário - amistoso - Castelo Branco (27/6/1976)

América 2 x 4 Ferroviário - amistoso - Presidente Vargas (13/9/1978)

América 0 x 0 Ferroviário - Copa Brasil - Castelo Branco (4/11/1979)

América 3 x 2 Ferroviário - Taça Ouro - Castelo Branco (1/2/1981)

América 0 x 0 Ferroviário - Torneio Paralelo - Presidente Vargas (25/9/1986)

América 2 x 2 Ferroviário - Torneio Otávio Pinto Guimarães - Castelo Branco (6/12/1986)

América 1 x 0 Ferroviário - Módulo Branco - Castelo Branco (18/11/1987)

América 0 x 1 Ferroviário - Módulo Branco - Presidente Vargas (22/11/1987)*

América 2 x 0 Ferroviário - Módulo Branco - Presidente Vargas (29/11/1987)

América 2 x 3 Ferroviário - Terceira Divisão - Castelo Branco (30/10/1988)

América 1 x 2 Ferroviário - Terceira Divisão - Presidente Vargas (6/11/1988)

América 1 x 1 Ferroviário - Série B - Presidente Vargas (30/1/1991)

América 1 x 0 Ferroviário - Série B - João Machado (17/1/1991)

América 3 x 2 Ferroviário - Seletivo Série B - Presidente Vargas (31/10/1993)

América 2 x 1 Ferroviário - Seletivo Série B - João Machado (4/12/1993)

América 1 x 1 Ferroviário - Copa do Nordeste - João Machado (11/2/1999)

América 3 x 3 Ferroviário - Copa do Nordeste - Presidente Vargas (5/5/1999)

América 0 x 4 Ferroviário - Copa do Brasil - Presidente Vargas (4/2/2004)

América 1 x 0 Ferroviário - Copa do Brasil - Castelo Branco (3/32004)

América 2 x 1 Ferroviário - Série C - João Machado (10/92005)

América 3 x 3 Ferroviário - Série C - Presidente Vargas (18/9/2005)

 

*Anulado: o clube cearense se negou a disputar os tiros livres direto da marca do penalti (omissão no regulamento). Total: 21 jogos (oito vitórias, oito empates e cinco derrotas).

Em 17 oficiais oito vitórias, seis empates e três derrotas. Em casa nove jogos com seis vitórias, dois empates e uma derrota. Fora são oito jogos com duas vitórias, quatro empates e duas derrotas.

quinta-feira, 22 de maio de 2025

América enfrenta Ferroviário pela primeira vez em amistoso

Estreia de Ubirajara (16/5/1976 – Ferroviário 0 x 1 Ceará): Pogito, Ubirajara, Arimatéia, Lúcio Sabiá, Pinto Grilo, Santos, Fernando Canguru, Lula, Danilo e Oliveira/Imagem: "Almanaque do Ferroviário"

Jota Valdeci

Especial

O primeiro América contra o Ferroviário acontece como parte do pagamento do passe do goleiro alvirrubro Ubirajara Dias Ribeiro, carioca, então com 29 anos.

O arqueiro é contratado como reforço para o campeonato cearense. Depois de passar pela Portuguesa/RJ, Moto Clube/MA, Paysandu/PA e após quatro temporadas em Natal.

O resultado no Estádio Presidente Castelo Branco (Natal) termina empatado, gols de Oliveira, que depois veio para o América (1979), e do ponta-esquerda Davi.

O árbitro Luís Meireles da Silva anulou um gol ((Vanderley) no segundo tempo. Ubirajara fez sete jogos pelo "Coral", eliminado precocemente e o contrato foi rescindido.

Ubirajara seguiu carreira até os anos 1980 pelo Fluminense (Feira de Santana), Mixto (Cuiabá), Goiás e Vila Nova (Goiânia).

 

FICHA TÉCNICA

América 1 – 1 Ferroviário/CE

Data: domingo, 27/6/1976

Público: 9.273

Renda: Cr$ 107.952,00

Gols: Davi 12/1 e Oliveira 38/2

América: Batista (Otávio), Ivan, Queiroz, Alberto, Telino (Olímpio), Zeca, Garcia (Romualdo), Washington, Pedrada (Santa Cruz), Davi e Índio (Ivanildo). Treinador: Sebastião Leônidas

Ferroviário: Ubirajara, Pogito, Arimatéia, Wanderley, Ivanildo (César), Grilo (Adeodato), Danilo, Jodecir, Aucélio, Lula, Fernando Canguru (Oliveira) e Erandyr (Pinto). Treinador: César Morais

Principal: ABC 2 x 0 Potyguar

 

FONTES

Diário de Natal

Tribuna do Norte

Almanaque do Ferroviário

Futebol 80

 

O "Morte Futebol Clube" dos estudantes do Atheneu (VI)

O cruzador da Real Navy "Dautless" numa representação em cores. Marujos jogam em Natal


Os rapazes do time “fúnebre” contra o primeiro Força e Luz na preliminar do América x “Dautless”

JOSÉ VANILSON JULIÃO

O comandante do “Dauntless”, J. G. P. Vivian, é recebido pelo vice-cônsul inglês Eric Gordon, e apresentando ao comandante da Força Pública, tenente-coronel Sandoval Cavalcanti de Albuquerque, representante do interventor federal Hercolino Cascardo, presente no jogo com o América ao lado do delegado da CBD, o engenheiro civil Gentil Ferreira de Souza.

Havia rivalidade entre as tripulações dos navios, pois para os homens do Dauntless a vitória mais importante (2 a 1) contra a equipe do cruzador inglês H. M. S. Dheli (primeiro adversário internacional do América no mesmo mês do ano anterior) numa parada em Nova York, Estados Unidos.

Em Natal houve a preliminar (domingo, 30/8/1931), que começaria às duas 14h com Aparício Martins na arbitragem, entre o Força e Luz SC, o primeiro com esta denominação, e o time com estranho nome: “Morte FC” (“Tok de História”, de Rostand Medeiros).

O que também não é citado no artigo de página inteira do capitão-aviador Hipólito José da Costa – “História do Aero Clube do Rio Grande do Norte – o oitavo da série especial para o semanário “O Poti” (domingo, 30/3/1986).

O “Morte” venceu o Força e Luz (3 x 2), gols de Montenegro (2) e Arnaldo Toseli (aquele que depois formou no elenco do rubro-negro Sport Club de Natal e participa como dissidente do grêmio do remo para fundar o segundo Santa Cruz da capital potiguar).

Foi ofertado ao time vencedor a taça “Jack Romanguera”, entregue pelo próprio homenageado, o diretor da Companhia Força e Luz (de capital inglês e concessionária do serviço), teoricamente “dono” do time perdedor (“Tok de História”, de Rostand Medeiros).

Na quarta-feira, 2 de setembro, o Dauntless enfrenta o Sport Club de Natal. A peleja, marcada para às 15h30, começa as 16h10, com tempos de 35 minutos, visto o JL não ter iluminação.

Para “A Republica” o jogo bom e terminou em 2 a 2. Mas definiu como “uma coisa imaginária” o segundo gol inglês, pois a bola sequer passou da linha do gol. O juiz era membro da tripulação.

O mesmo marujo não um pênalti para o Sport e apontou duas para o time estrangeiro, uma delas convertida em gol. Os americanos Milton, Reinaldo Praça, Pinheiro e Neném atuaram com a camisa rubro negra.

O "Morte Futebol Clube" e os estudantes do Atheneu (V)

O oficialato do cruzador inglês "Dautless", em algum porto, é recepcionado no "Aero Clube"

J. G. P.

Pesquisador informa recepção aos marinheiros ingleses, mas não cita amistoso com o América

JOSÉ VANILSON JULIÃO

O oitavo artigo-reportagem no semanário “O Poti” (domingo, 30/3/1986) – “História do Aero Clube do Rio Grande do Norte” – depois da estadia e recepção ao selecionado cearense em Natal (9 a 12/7/1931), informa que na primeira semana de agosto é realizado um curso de música em seguida as atividades são suspensas para reforma das instalações elétricas internas.


A reabertura efetiva do Aero Clube somente acontece no final do mês com uma nova recepção (às 21 horas do dia 30), agora da oficialidade e do comandante do cruzador “Dauntless”, o capitão John P. Guy Vivian, da Marinha Real inglesa.

A “belonave” procede das Antilhas (Mar do Caribe) com 540 marinheiros e havia chegado no porto dois dias antes. Na festa tocam a banda do regimento policial militar e a orquestra do maestro Garibaldi Romano.

O que o autor da pesquisa, o coronel-aviador Hippólyto José da Costa, não diz é que naquela última semana de agosto uma equipe de futebol dos marinheiros britânicos enfrenta o América Futebol Clube no segundo amistoso internacional do alvirrubro no Estádio Juvenal Lamartine (Tirol).

O primeiro encontro internacional, coincidentemente em agosto do ano anterior (domingo 10), a primeira vitória do alvirrubro natalense: 4 x 1. A formação: Milton, José Canuto, Barnabé, Raimundo Canuto, Teixeirinha, Baltasar, Pinheirinho, Reinaldo Praça, Hemetério, Pimenta e Júlio Meira.

No segundo embate internacional América 4 x 2 H. M. S. Dauntless, com arbitragem de Aníbal Azevedo e gols de Cabo João (João Acioli da Silva), Hemetério Canuto, Blake (contra), e do mossoroense Glicério de Souza (posteriormente jogador do Sport Club de Natal) e Giblin (dois).

América: Milton, Raimundo, Everardo, Teixeira, Neném (Renato Teixeira da Mota), Reinaldo Praça, Baltasar, Cabo João, Hemetério, Glicério e Pinheirão. Treinador: Everardo Barros Vasconcelos; Dauntless: Black, Kelloway, Barrigton, Pay, Castland, Barry, Hilley, Giblin, Robson, Lunchers e Hitleir.

O leitor mais curioso pode acessar o site “Tok de História”, do pesquisador Rostand Medeiros, que encontra detalhada e minuciosa reportagem histórica sobre o navio, os tripulantes, a estadia, a recepção, o jogo e a cobertura do jornal “A República”.

O "Morte Futebol Clube" dos estudantes do Atheneu (IV)

Sede moderna com estilo do Aero Clube, na Avenida Hermes da Fonseca (Tirol), nos anos 50

Documento raro com a diretoria
do Aero Clube/Alberto Leiloeiro

Selecionado cearense é recepcionado no Aero Clube após goleada sobre o Rio Grande do Norte

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Como esclarecido por último na oitava reportagem de página inteira fruto de pesquisa do coronel-aviador Hipóllyto José da Costa, sobre “História do Aero Clube do Rio Grande do Norte”, no semanário dominical “O Poti”, estão inseridos tópicos sobre futebol na capital potiguar.

Mas a inclusão do esporte em assunto de aviação tem uma justificada motivação: o Aero Clube no começo dos anos 30 é ponto obrigatório pelo espaço como local de recepção das delegações de futebolistas visitantes, seja de clubes, seleções ou equipes estrangeiras.

O selecionado cearense que goleou a representação do RN no Campeonato Brasileiro da categoria em 1931, por exemplo, chega no dia 9 de julho pelo paquete “Pará” e no dia seguinte dirigentes e atletas são recepcionados no Aero Clube.

Discursam o representante da Liga José Potiguar Fernandes, o árbitro Lindolfo Altino e Jayme dos Guimarães Wanderley (ABC FC). No dia 12 acontece o jogo no Estádio Juvenal Lamartine com o RN eliminado logo na primeira fase da Região Nordeste (5 x 8).

A noite festa dançante com apresentação do “jazz” do 29 Batalhão de Caçadores. Cedido pelo comandante, tenente-coronel, Everardo Barros Vasconcelos, “player” campeão pelo América. Discursou Potiguar Fernandes. Agradecimento do chefe da delegação cearense, Solon Frota.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

O "Morte Futebol Clube" dos estudantes do Atheneu (III)

Atletas cearenses e ingleses foram recepcionados no "Aero"/Acervo: João G. D. Emerenciano

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Ainda dos anos 80 do século passado vem mais um texto em que o time “fúnebre” é mencionado. Mas neste caso em artigo publicado no semanário “O Poti” (30 de março de 1986), a edição dominical dos Associados em Natal.

Ocupando uma página inteira do suplemento semanal é assinado pelo coronel-aviador Hippólyto José da Costa, autor da pesquisa que gera, na ocasião, a oitava reportagem da série sobre “História do Aero Clube do Rio Grande do Norte”.

O escrito da página seis do caderno, de um total de 28 da edição, é ambientado no final dos anos 20 para o começo da década de 30, com a política nacional (Revolução Liberal) e estadual. Mais o cotidiano da provinciana capital, como o carnaval e festas extemporâneas.

Não faltam menções ao esporte em geral e em especial ao futebol, como o jogo do selecionado local contra os cearenses pelo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, em julho de 1931, com vitória dos visitantes.

Como também o amistoso do América/RN contra os marinheiros do navio inglês “Dauntless”, do capitão J. P. G. Vivian, na última semana de agosto de 1931 com total cobertura do extinto jornal centenário “A República”.

O "Morte Futebol Clube" dos estudantes do Atheneu (II)

O rubro-negro Sport Club de Natal e o alvinegro Centro Náutico Potengi, "parede e meia" no bairro da Ribeira (Rua Chile), participaram da fundação da Federação de Basquetebol

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Uma importante reportagem que menciona o time “funerário” é de autoria do falecido jornalista esportivo José Procópio Filgueira Neto. Publicada no “Diário de Natal” (quarta-feira, 22/6/1988). Com o título “Mais antiga federação completa meio século”.

Evidente que o texto é a base do verbete “Federação de Basquetebol do Rio Grande do Norte”, no livro “Os Esportes em Natal”, de autoria de Procópio Neto. Em primeira e única edição da Fundação de Esportes de Natal (Fenat – dezembro/1991). E é certo de que foi nesta obra, agora lembrada ao consultar a minha biblioteca particular de esporte, que li sobre o “Morte” pela primeira vez.

A mais antiga federação esportiva amadora é fundada (22/6/1938) pelos representantes do Andrade Neves, Tupã, Brasil, Sport Club de Natal, Centro Náutico Potengi (os dois do remo), Alecrim, Associação Feminina de Atletismo (AFA), Sociedade dos Reservistas do Tiro de Guerra e até mesmo um clube denominado Morte Futebol Clube. (negrito nosso)

As agremiações já praticavam o basquete, introduzido em Natal por Severino Estevam dos Santos, o “Jaú”. Em homenagem a FNB posteriormente criou a “Taça Disciplina” com o nome dele. O basquete sempre teve presença marcante nas competições graças ao bom nível técnico. Os clubes jogavam contra os militares estacionados em Natal na II Guerra, inclusive norte-americanos.

Estes contatos, segundo Procópio, serviram para o aperfeiçoamento do esporte em exibições nas quadras da Praça Pedro Velho (Petrópolis) e na antiga Escola Industrial da Avenida Rio Branco, no bairro da Cidade Alta (Centro). Dez anos depois do surgimento a FNB ganha mais associados: Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), o tricolor Santa Cruz, Tirol, Rio Branco e Aero Clube.

No auge as campanhas nacionais memoráveis: campeão brasileiro (Garanhuns/PE) com melhor desempenho em lance livre e o cestinha da competição (José Moacir de Albuquerque); quinto lugar adulto em Porto Alegre com Nilo Machado campeão no lance livre (janeiro/1958); quarto lugar em Fortaleza (março/1961); terceira colocação juvenil no Rio de Janeiro (1965).

Antes da FNB havia uma liga com Gentil Ferreira de Souza presidente. A partir da estruturação (1948) foram presidentes: Carlos José Silva (três mandatos intercalados), jornalista José Alexandre de Amorim Garcia (1954/55), Túlio Fernandes de Oliveira, (60/61), professor Geraldo Serrano (64/65), o radialista Mário Dourado, professor José Maria Pinto, Gileno Vilar, Humberto Nesi, Fernando José Nesi, jornalista Fernando Farias (atualmente residente em João Pessoa) e Joaquim Jairo Tinoco.

O "Morte Futebol Clube" dos estudantes do Atheneu (I)

O deputado federal e prefeito (duas vezes: nomeado e eleito) Djalma de Albuquerque Maranhão (o quinto) com o detalhe do crânio da caveira e as tíbias na camisa em estilo regatas da equipe de basquetebol (esporte americano da Associação Cristã de Moços)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Não lembro exatamente quando e quem foi o autor de alguma nota que li, pela primeira vez, sobre o a equipe “fúnebre” dos estudantes do Atheneu, o secular colégio vindo do II Império.

Porém já fiz três menções rápidas, pontuais, momentâneas e complementares neste “JORNAL DA GRANDE NATAL” (8 e 9 de janeiro deste ano e 15/11/2023).

As duas primeiras referem-se a uma mesma preliminar de futebol. Na qual o “Morte” empata (3 x 3) com o time reserva do rubro-negro Clube Atlético Potiguar (domingo, 24/4/1943), dias antes com o elenco titular vencedor do Torneio Início de abertura da temporada.

A última em detalhe do artigo de Luiz Gonçalves Meira Bezerra no jornal cultural “O Potiguar” (número 24 – junho/julho de 2001), disponibilizado no LABIM da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Portanto o “Morte FC” era um dos assuntos agendados pelo repórter. Agora alçado do limbo da pauta para aproveitar a oportunidade de que no último domingo é citado na coluna “Cena Urbana” (“Tribuna do Norte”) pelo jornalista Vicente Alberto Serejo Gomes.

A NOTA DO ARTICULISTA: “REDINHA – Mais uma sacada do Sebo Vermelho: reeditar o ensaio de Gil Soares de Araújo sobre a Redinha e os veraneios do seu tempo. É o que de melhor foi escrito. Lenine Pinto jogou no time com a bandeira negra e a caveira sobre as duas tíbias...”

 

FONTES/IMAGEM

A Ordem

Diário de Natal

O Potiguar

Tribuna do Norte

Jornal da Grande Natal

Natal não há tal

Tok de História

terça-feira, 20 de maio de 2025

Jornais desprezam a charge na página de opinião

O potiguar Cláudio Oliveira e o carioca Brum são dois dos sete profissionais no livro da jornalista Josimey Costa, a ser lançado na primeira semana de junho (ver 'post' anterior)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Há algum tempo eu tinha notado o detalhe que para muitos talvez tenha passado desapercebido.

Com os fechamentos do jornal centenário "A República", "O Jornal de Hoje" (vespertino e matutino) e "Diário de Natal", além do semanário "Jornal de Natal", os cartunistas da capital potiguar perderam espaço.

E olhe que na lista inicial não aponto a "Tribuna do Norte", dos impressos mais antigos ainda em circulação, que demitiu o único profissional que vinha atuando com "cargas" na tradicional página dois, dedicada a "Opinião": o carioca Brum (que saiu do impresso de M. Aurélio de Sá).

O mais sintomático: os novos jornais, diários ou semanários, surgidos mais recentemente, sequer cogitaram em compor nos quadros os cartunistas e chargistas competentes que ainda estão à deriva no mercado.

São os casos mais emblemáticos o "Agora", "Diário do RN", "Novo Jornal" (segunda fase) e "O Potengi".

Este comentário vem de encontro ao livro a ser lançado pela jornalista e professora universitária Josimey Costa, no qual entrevista sete chargistas potiguares, todos excelentes nas críticas de costumes e política.

Chargistas potiguares são alvos de jornalista

"Henfil" morou em Natal na segunda metade dos anos 70/Avani Stein/Folhapress

O carioca Brum, radicado em Natal desde
o começo dos anos 2000, é um dos mais
conceituados chargistas na coletânea

O novo livro da jornalista e professora universitária Josimey Costa sobre humor e jornalismo traz entrevista inédita com cartunista Henfil, analisa charges do "Cartão Amarelo", entrevista sete chargistas e apresenta edição inédita do jornal satírico O Chafurdo.

A programação do lançamento articula vários eventos num único dia: uma exposição de charges, uma mesa-redonda com quatro chargistas, além da tradicional sessão de autógrafos.

“Ilustríssimo Jornalismo: a notícia em desenho satírico e o Cartão Amarelo” é composto de textos e imagens e apresenta os resultados da pesquisa que começou em 1983 com um estudo de caso sobre a coluna de charges "Cartão Amarelo", publicada diariamente por 30 anos em dois jornais do Rio Grande do Norte.


Traz amostras da coluna e uma entrevista com seu idealizador e roteirista, o falecido (2018) jornalista esportivo e escritor Everaldo Lopes Cardoso, jornalista setorista de Esportes e escritor.

Um dos maiores ícones do humor gráfico nacional, Henrique de Souza Filho, o Henfil, também está no livro, numa entrevista também de 1983 e nunca divulgada.

A pesquisa foi acrescida por entrevistas com autores/chargistas atualmente em atividade no Rio Grande do Norte, em São Paulo e na Espanha.

Foram entrevistados os chargistas Cláudio Oliveira, Ivan Cabral, Túlio Ratto e Brum. Solino de Souza, hoje advogado e um dos autores do antigo jornal satírico potiguar "O chafurdo", cedeu para o livro a última edição, até então inédita.

Tem destaque também a entrevista com Igor Fernández, editor da revista satírica espanhola El Jueves, uma das mais antigas da Europa.

Josimey Costa diz que "o humor gráfico jornalístico na forma de charges, cartuns e caricaturas tem a função de denunciar os problemas sociais e criticar o poder..."

Mas como uma ilustração pode informar fazendo, ao mesmo tempo, humor? E como o humor se transforma em crítica? A escritora busca respostas para estas e outras perguntas ao longo do livro.

Ivan Cabral, artista e escritor que é um dos entrevistados do livro, herdou a coluna "Cartão Amarelo" no extinto "Diário de Natal", quando os autores originais (o chargista Edmar Viana, também falecido, foi o parceiro de Everaldo) foram para a "Tribuna do Norte".

Ele diz que o livro “resgata uma parte da história recente do humor gráfico potiguar, destacando o "Cartão Amarelo", que virou sinônimo de alerta e crítica política em forma de desenho por décadas.

"Ilustríssimo Jornalismo" é uma obra necessária para preservar a história e enfatizar a força das charges, textos nobres e destacados do jornalismo e consideradas como verdadeiros editoriais, que fazem pensar através do riso.”

O lançamento inicia uma coleção de livros selecionados pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia para comemorar seus 15 anos de funcionamento.

A mesa-redonda será composta pela escritora, Cláudio de Oliveira, Ivan Cabral, Brum e Solino de Souza. A mediação será de Amaro Junior, doutorando e igualmente pesquisador do tema.

Também haverá uma exposição de charges com curadoria de Ivan Cabral e o escritor Francisco Martins apresentará, para consulta, sua coleção de recortes originais do "Cartão Amarelo."

O livro foi contemplado com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura / Prefeitura Municipal de Natal.

Josimey, autora de sete livros,
entrevista sete chargistas para
a nova obra: pura coincidência

Autora

Josimey Costa da Silva é pesquisadora, escritora, poeta, letrista de música e criadora em audiovisual. É Doutora em Ciências Sociais (PUC/SP) e Pós Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ). Integra o Grupo de Estudos e Pesquisas Marginália/UFRN e o Conselho Estadual de Cultura.

Publicou sete livros autorais e três em coautoria. Tem artigos ensaísticos, crônicas, contos e poemas publicados em coletâneas diversas. Livros recentes: “Entre vislumbres e letras” (Offset, 2019) e “A ancestral: Dona Lourinha e suas histórias” (Escribas, 2024), que teve apoio da Lei Paulo Gustavo de Apoio às Áreas Culturais via Prefeitura de Natal.

Serviço

Lançamento: “Ilustríssimo Jornalismo: a notícia em desenho satírico e o Cartão Amarelo" (Editora Sulina, 2025)

Data: 3/6/2025 (18h30)

Local: Auditório do Laboratório do Departamento de Comunicação Social - Campus da UFRN (por trás da Comunica/TV Universitária)