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terça-feira, 24 de setembro de 2024

Site europeu cita o atacante americano campeão potiguar

O goleiro Franz, zagueiro Cláudio (o terceiro), Bagadão (ponta-direita) e o centroavante Joaquim Ramos de Souza, o "Alemão" (terceiro em pé)

Historiador Carlos Miguel Silva Saraiva

O site "Notícias de Covilhã" publica nesta terça-feira, 24, reportagem especial sobre as afinidades existentes entre o alviverde lusitano (uniforme idêntico ao lisboeta) e o rubro-negro da capital pernambucana.

O autor do texto é o historiador e repórter Carlos Miguel Silva Saraiva, autor de um livro sobre a história centenária do clube português: "História do Sporting Clube da Covilhã – 1923/1990" (com o primeiro volume lançado em 2017 e o segundo ano passado).

A importância do tema se deve ao fato de que, entre os atletas citados, o atacante pernambucano Joaquim Ramos de Souza (1945 – 2019), o "Alemão", que fez dois gols nas finais do campeonato potiguar (1969) com o América/RN ganhando o título em cima do ABC.



PORTUGAL

"As ligações do Sporting da Covilhã ao Sporting Clube Recife"

MIGUEL SARAIVA

Eduardo Cardoso

Apesar do leão ser o símbolo de ambos os clubes, muito mais uniu estes dois grandes emblemas no passado.

O Sport Club Recife (fundado a 13 de maio de 1905) teve como principal fundador Guilherme de Aquino, engenheiro de profissão. Guilherme de Aquino, que viveu por muitos anos em Inglaterra, onde estudou na Universidade de Cambridge, ao regressar ao Brasil trouxe consigo o apreço pela nova modalidade naquele país. Realizou o seu primeiro jogo no dia 22 de junho de 1905, onde o Sport Recife defrontou o English Eleven, equipa formada por funcionários de companhias britânicas sediadas no Recife. O Sport Recife conseguiu um brilhante empate por 2 X 2.

Mas como começa a ligação deste grandioso clube brasileiro com o “nosso” Sporting Clube Covilhã? Foi na época de 1957/1958 que os “Leões da Serra” contrataram o primeiro jogador brasileiro, de seu nome “Tonho”, devido a influência de um beirão que foi grande figura do futebol pernambucano, Eduardo Cardoso, uma inesquecível referência do clube rubro-negro (Sport Club Recife).

Eduardo Hipólito Cardoso, natural de Escarigo, concelho do Fundão, nasceu em 9 de agosto de 1911, indo para São Vicente da Beira aos três anos de idade, onde fica até aos 18 anos, quando parte para o Brasil. Radicando-se na cidade de Recife, onde tinha a profissão de comerciante, Eduardo Cardoso teve um papel importante no desporto, desempenhando vários cargos no Sport Club Recife e chegando mesmo a ser presidente do clube na época 1967/1968. Foi um grande benemérito e “Leão de Ouro” do Sport Clube Recife, sendo presidente do ano 1966 e 1968 dos clubes do Estado de Pernambuco e cônsul da Confederação de Futebol de Pernambuco.

O pernambucano Tonho

O jogador António Mariano de Araújo, conhecido por Tonho, nasceu em Recife no dia 7 de abril de 1931. Iniciou a sua carreira futebolística no Sport Recife, onde se sagrou campeão pernambucano em 1953, ingressando depois no Santa Cruz do Recife, onde se sagrou melhor marcador. Em 1955 vai para o Sport Bahia, onde mais uma vez foi melhor marcador, passando depois pelo Atlético Mineiro, de onde se transferiu para a Venezuela, jogando pelo Clube Universidade de Caracas, onde foi campeão venezuelano e o melhor marcador do campeonato com 30 golos. Ao voltar ao Brasil foi abordado por Eduardo Cardoso para se transferir para o clube serrano, o que aconteceu na época 1957/1958, estando o Sporting da Covilhã a disputar a 2ª Divisão. Tonho era um avançado de grande qualidade técnica e goleadora, jogando em todas as posições no ataque. Sagrou-se campeão nacional da 2ª Divisão no Sporting Clube Covilhã, onde realizou 31 jogos e foi o melhor marcador da equipa com 26 golos. Eduardo Cardoso foi também responsável pela vinda para o emblema covilhanense de outros jogadores que representaram as cores do Sport Recife, como: Ilo Caldas (1958/1960), Rómulo Nei Barbosa de Freitas (1959/1960), Walter da Rocha Carvalho (1959/1961), Osvaldo Manoel Martins (1963/1965), Augusto Provenzano Neto (1965/1967), Jorge Luiz Santos (1966/1967) e Sebastião Carneiro “Baixa” (1973/1983). O mítico capitão serrano Baixa nasceu no Recife a 18 de outubro de 1944, tendo iniciado a sua carreira futebolística no Sport Club do Recife, onde permaneceu de 1962/1971, ajudando a vencer o Torneio Norte/Nordeste em 1968. Foi internacional pela Seleção Pernambucana em 1965. Na época 1971/1972 ingressa no futebol português para jogar durante duas épocas no SC Beira-Mar. Na temporada 1973/1974 assina pelo Sporting da Covilhã, onde permaneceu durante dez épocas (1973/1983). Baixa chegou a clube serrano como avançado, mas foi como defesa central que mais se evidenciou, sendo um jogador de grande qualidade técnica e com enorme carisma, jogando durante várias épocas como capitão de equipa, e em mudanças de técnicos, assumiu por várias vezes as funções de treinador. Na época 1974/1975 foi campeão da Série B da 3ª Divisão, tendo realizado no total no clube serrano 279 jogos e assinado 13 golos. Antes de regressar ao Brasil, ainda representou o Sport Tortosendo e Benfica na época 1983/1984. Acabou como funcionário do Museu do Sport Recife.

"Alemão"

Também alguns casos jogadores que passaram pelo clube rival, Santa Cruz do Recife e foram indicados aos serranos por Eduardo Cardoso, como: Severino da Silva “Biu” (1963/1965), Luís Carlos Nogueira Oliveira (1969/1970) e Paulo Veloso (1971/1972).

Eduardo Cardoso foi de uma dedicação extraordinária e sem precedentes, porém a sua ação ia mais longe ao ponto de pagar viagens e fazer adiantamentos por conta dos contratos estabelecidos. Foi-lhe dada a categoria de “Sócio Mérito” do Sporting Clube Covilhã, proposto pela direção do presidente Ernesto Cruz. Apoiou outras instituições desportivas, sendo também Sócio Benemérito do Sport Clube de São Vicente da Beira, Sócio Honorário do Sport Benfica e Castelo Branco, e em 1988, foi-lhe entregue pelo Secretário do Estado do Turismo português, a comenda da “Ordem de Mérito”, entregue no dia 10 de Junho. Faleceu em Lisboa a 11 de outubro de 1989.

Passaram ainda pelo clube serrano outros jogadores nascidos em Recife ou no estado pernambucano, como: Gilberto Macedo Costa Filho “Betinho” (1974/1975), Joaquim Ramos de Souza “Alemão” (1974/1976), Adilson Henriques dos Santos “Bites” (1974/1976), Bráulio de Oliveira Brito (1977/1979), Adelmar Almeida “Dema” (1979/1980), Cláudio Vicente de Paula (1980/1981), Mário Gonçalves Lima (1980/1982), Mauricio Silva dos Santos (1981/1983), Robério Lopes da Silva (1984/1985), Francisco Carlos “Boca” (1992/1993), José Marcos Souza (2001/2002) e Juliano Pescarolo Martins “Paquito” (2002/2003).

Atualmente, o Sport Club Recife está na Série B do campeonato brasileiro e têm como mister o excelente e promissor treinador português Pepa, que tem a tarefa de fazer regressar o “Leão da Ilha” ao patamar maior do futebol brasileiro. Esperamos por isso que Sport Club Recife consiga atingir esse objetivo.

 

FONTES

Jornal da Grande Natal

Jornal O Interior

Notícias da Covilhã

Rádio Clube da Covilhã

Sabores e Saberes da Beira Baixa

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