O sergipano Cocorote: CRB
ARTIGO
Warner Oliveira (10/10/2010) *
“Álbum de
Futebol: Cocorote”
Aos 36 anos
de idade Cocorote ainda tinha inscrição pelo Ferroviário para disputar o
campeonato alagoano. Apesar de veterano achava que poderia oferecer muito ao
clube. Dizem que quanto mais velho o goleiro se destaca mais. A experiência
vivida em baixo dos três paus da baliza dá ao arqueiro tudo aquilo que ele
gostaria de ter quando jovem.
Jogando num
time modesto Cocorote ficou um pouco esquecido pela imprensa que somente
observava as grandes defesas dos goleiros das principais equipes da cidade.
Mesmo assim ele ia seguindo na vida e fazendo suas defesas até quando Deus
quis.
Cocorote
teve uma vida de um verdadeiro cigano. Nasceu em Sergipe, mas começou no juvenil
do América de Recife. Ainda como amador foi jogar no Siqueira Campos da II
Divisão de Aracajú. Seu primeiro contrato de profissional foi com o Confiança e
logo se tornou bi campeão sergipano.
Depois
passou pelo Ipiranga (Salvador), voltou ao Confiança e jogou ainda pelo
Contiguiba, Olímpico (Sergipe). CRB, ASA (Alagoas), Alecrim (Natal) e
Ferroviário (Maceió). Foram muitos clubes, muitas emoções e também algumas
decepções.
A maior
delas foi a saída do CRB. Ele estava bem, mas as fofocas infernizaram sua vida
no clube. Ele lutou contra tudo e contra todos. Tentaram lhe desmoralizar, mas
tudo saiu bem, e ficou apenas a grande mágoa.
Um goleiro
nunca sabe o que encontrar pela frente. Por isso, muitas vezes, as glórias, as
alegrias nem sempre são compensadoras. A amargura e o desconsolo, muitas vezes,
fazem o arqueiro se tornar um vilão.
Num
clássico CSA e CRB no Mutange Cocorote vinha sendo a maior figura do jogo.
Tomou um frango e se tornou um jogador detestado pela torcida. Um chute de
Giraldo e Cocorote não podia falhar. Ninguém estava por perto. Só ele a bola.
Agachou-se
para agarra-la, e em vez de garras implacáveis, a bola encontrou mãos de seda,
frágeis, nervosas. A bola escorregou por entre as pernas e tomou, lentamente, o
caminho das redes. Foi realmente um frango daquele tamanho.
Cocorote
não se abateu, não se envergonhou. O frango faz parte da vida de todos os
goleiros, e ele não poderia ser uma exceção. Também viveu grandes momentos.
Entre eles formou na seleção alagoana e enfrentou o Santos na inauguração do
Estádio do Trapichão.
Cocorote
foi funcionário da Rede Ferroviária e levava a vida para oferecer a sua família
o conforto que ela merece. Não ia aos estádios para assistir jogos de futebol.
Somente ia ao campo quando é para jogar e defender o Ferroviário.
*No jornalismo desde 1979. Começa como “rádio escuta”
e secretariando programas na Rádio Gazeta de Alagoas, ainda na Rua do Comércio.
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