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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O perigo de se imitar o controle da mídia ‘bolivariana’

José Vanilson Julião
Jornalista

Acho engraçado, para não dizer que fico com um pé atrás da orelha, quando leio, na rede mundial de computadores, as falácias dos simpatizantes do ‘petismo’ escreverem a todo e a direita sobre a necessidade suprema do controle ‘econômico’ contra o ‘monopólio’, como se todo jornalista ou curioso sobre o assunto não soubesse as origens dos meios de informação desde as pinturas rupestres da pré-história, passando pelas tábuas cuneiformes do Oriente Próximo, as ‘actas diurnas’ romanas, o papiro egípcio, os sinais de fumaça do pele-vermelha norte-americano, os tambores africanos, a imprensa de Gutemberg (século XV), o surgimento do Código Morse, a telegrafia sem fio, a fotografia, o cinema, o gramofone (século XIX), o rádio e a televisão (século XX) e a internet (a partir de 1969).
Minha gente o processo evolutivo da mídia em geral, aliado ao desenvolvimento científico, tecnológico, o financeiro e a economia tem a ver com tudo isso. Dando ao setor midiático características próprias e tão complexas, que não é uma vontade unilateral do ‘esquerdismo’ que vá dá ares de uma verdade total ao sistema de comunicação, informação e transmissão de dados, a um toque de caixa, com o auxílio de uma varinha mágica de fada encantada ou com os auspícios de uma pitada de pó milagroso de uma bruxinha qualquer.
Muitos falam por imitação, por ouvir dizer, enganados por intelectual e acadêmico metido a besta, que não pesquisam a fundo ou pensam que o fazem a cerca do assunto. Repetem a seu bel prazer isso ou aquilo, sem respeitarem, ou por não quererem saber ou apenas por uma falsa moralidade com o intuito de mascararem as intenções da censura e do controle ideológico da mídia e seus canais.
Tamanha a ignorância que falam que em país tal é assim ou em país tal é assado, países estes escolhidos a dedo com o fim de darem exemplos concretos, quando escondem os países em que realmente se espelham para dar continuidade ao macabro pacto de controle continental no cone sul das mentes humanas, para que as pessoas sejam transformadas em gado com dois pés.
Estes profetas do apocalipse terreno não divulgam pelo menos um exemplo de como um governo ‘bolivariano’ pode e age para tornar o controle da mídia. Por isso nem todo mundo sabe que, no final da segunda semana de julho do ano passado, o comprador de um dos maiores e mais tradicionais jornais diários venezuelanos, o centenário 'El Universal', foi identificado como uma pequena empresa espanhola, de nome ‘Epalisticia’.
O jornal estadunidense “New York Time” refere-se a uma entrevista em que o diretor do 'El Universal' na ocasião, Elides Rojas, denunciava que os compradores estão "ligados a pessoas com relação de amizade com o Governo [venezuelano]".
O jornal norte-americano recupera os registros do Governo espanhol que mostram o primeiro registro da ‘Epalisticia’ como de uma empresa de construção civil, em agosto de 2013. Ora, em outubro, a empresa procedeu a uma alteração do seu registro, declarando-se uma empresa "de investimento e administração dos meios de comunicação", com enfoque na América Latina.
A venda deste jornal venezuelano de 105 anos foi anunciada naquele mês, tornando-se o no terceiro órgão de comunicação de grande dimensão a ser vendido, desde a morte do ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez, em 5 de março de 2013, e a eleição do seu sucessor e atual presidente, o canastrão e histriônico Nicolás Maduro, herdeiro caricatural do também caricato HC (não confundir com FHC).
O Governo detém atualmente 10 canais de televisão e mais de 100 estações de rádio, o que reforça as críticas contra a falta de liberdade de expressão e da imprensa na Venezuela. Em 2014 o país ocupa o 116º lugar, em 180 lugares, na tabela elaborada anualmente pela organização “Repórteres sem Fronteiras”.
Outros dois órgãos de comunicação vendidos na mesma época foram a estação de televisão ‘Globovisión’ que, abertamente, tinha uma agenda pró-oposição (a exemplo do ‘El Universal’, e a cadeia de jornais ‘Cadena Capriles’, detentora do 'Ultimas Noticias', um dos jornais diários mais lidos no país. Após a venda (veja-se que, por exemplo, a Globovisión foi vendida em abril de 2013, apenas alguns dias após a eleição de Maduro), ambos se tornaram abertamente pró-governamentais, quer em termos de agenda, quer na forma como as notícias são elaboradas.

Em 15 de julho do ano passado, o português “Diário de Notícias”, também em sua versão on line, na seção “TV & Média”, advertia que o ‘El’ fora vendido em um negócio “pouco claro, aumentando as preocupações acerca da independência dos media no país”. Acrescento: certamente numa trama engendrada pelo governo do palhaço Maduro.

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