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Câmara Cascudo em 1964 |
Artigo do escritor Luís da Câmara Cascudo relata a origem da família do veterano remador e fundador do Sport Club de Natal: Clodoaldo Bakker
A crônica original foi publicada na famosa coluna
"Acta Diurna" no extinto jornal centenário "A República"
(8/5/1942), sendo reproduzida no segundo volume do "Livro
das Velhas Figuras", editado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte (1976).
“A família Bakker é originaria de Enkhuysen. Jorris
Cornelios de Bakker, engenheiro militar veio casar-se, em Flandres, com Annie
van Dick. Ficaram residindo na parte liberta da Holanda, tornando-se nação
soberana da Bélgica.
Em 1942 nasceu João (Jorris) André de Bakker, que emigrou para
a America do Sul, e, aos 25 anos, no Acari, sertão do Seridó, os olhos bonitos
de Ana Maria de Araújo Costa (filha de Joaquim de Araújo Costa e Ana Umbelina)
enlaçaram o belga alourado e vivaz.
Daí provém os Bakker norte-rio-grandenses. João André
no Rio Grande do Norte foi homem de várias atividades curiosas. Faz-se
professor de primeiras letras e de francês.
Entendia de medicina prática, fazendo pequenos curativos e até
intervenções cirúrgicas...
Tratou doentes de febre perniciosa (1873) em São José
de Mipibu, arrosta a epidemia de febre em Macaíba (1877), enfrentou a varíola
em Canguaretama (1888) e o surto de “bexigas” em Natal (1882).
Foi nomeado, por especial favor de presidente provincial,
Sátiro de Oliveira Dias, em 28/12/1881, para o cargo de professor adjunto de
francês no Ateneu. Em 27/2/1886, pobre, doente, desamparado, enviou à Assembleia
Provincial requerimento narrando sua história com datas, nomes, promessas, elogios
e os relevantes serviços.
Pedia para que, de qualquer forma, tivesse um aumento
em seu tempo de trabalho, já sendo do magistério há mais de 12 anos. A comissão
de Petições encaminhou o requerimento ao Governo-Geral, o qual apreciaria como
se fosse de justiça e entendimento de sua sabedoria.
Dessa sabedoria nada surgiu e João André de Bakker
faleceu em Natal (18/8/1889). Seu epitáfio é o final da “memória” enviada à
Assembleia: “Todos esses serviços foram prestados grátis e sem que o suplicante
obtivesse a mínima recuperação ou recompensa”.
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