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domingo, 13 de abril de 2025

Pioneiro da aviação funda clube de remo natalense (VII)

Câmara Cascudo em 1964

Artigo do escritor Luís da Câmara Cascudo relata a origem da família do veterano remador e fundador do Sport Club de Natal: Clodoaldo Bakker

A crônica original foi publicada na famosa coluna "Acta Diurna" no extinto jornal centenário "A República" (8/5/1942), sendo reproduzida no segundo volume do "Livro das Velhas Figuras", editado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (1976).

“A família Bakker é originaria de Enkhuysen. Jorris Cornelios de Bakker, engenheiro militar veio casar-se, em Flandres, com Annie van Dick. Ficaram residindo na parte liberta da Holanda, tornando-se nação soberana da Bélgica.

Em 1942 nasceu João (Jorris) André de Bakker, que emigrou para a America do Sul, e, aos 25 anos, no Acari, sertão do Seridó, os olhos bonitos de Ana Maria de Araújo Costa (filha de Joaquim de Araújo Costa e Ana Umbelina) enlaçaram o belga alourado e vivaz.

Daí provém os Bakker norte-rio-grandenses. João André no Rio Grande do Norte foi homem de várias atividades curiosas. Faz-se professor de primeiras letras e de francês.  Entendia de medicina prática, fazendo pequenos curativos e até intervenções cirúrgicas...

Tratou doentes de febre perniciosa (1873) em São José de Mipibu, arrosta a epidemia de febre em Macaíba (1877), enfrentou a varíola em Canguaretama (1888) e o surto de “bexigas” em Natal (1882).

Foi nomeado, por especial favor de presidente provincial, Sátiro de Oliveira Dias, em 28/12/1881, para o cargo de professor adjunto de francês no Ateneu. Em 27/2/1886, pobre, doente, desamparado, enviou à Assembleia Provincial requerimento narrando sua história com datas, nomes, promessas, elogios e os relevantes serviços.

Pedia para que, de qualquer forma, tivesse um aumento em seu tempo de trabalho, já sendo do magistério há mais de 12 anos. A comissão de Petições encaminhou o requerimento ao Governo-Geral, o qual apreciaria como se fosse de justiça e entendimento de sua sabedoria.

Dessa sabedoria nada surgiu e João André de Bakker faleceu em Natal (18/8/1889). Seu epitáfio é o final da “memória” enviada à Assembleia: “Todos esses serviços foram prestados grátis e sem que o suplicante obtivesse a mínima recuperação ou recompensa”.

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