Consulta

quarta-feira, 17 de maio de 2023

O goleiro da "Seleção Fantasma" do Nordeste (VIII)

José Vanilson Julião


Durante a implantação e consolidação do futebol os personagens centrais são oriundos das famílias da aristocracia rural e emergentes (1903/1920), como os Pedrosa, Maranhão e Barreto.

Logo depois aparecem estudantes, funcionários públicos, militares de patentes diversas e profissionais liberais. E fundam os clubes extintos e os que sobreviveram até hoje: América, ABC e Alecrim.

De 1930 em diante ricaços e a classe média são torcedores. A constatação pode ser feita ao longo desta série, principalmente pelas últimas duas postagens.

Quando se verifica que as homenagens aos jogadores pela campanha no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais são iniciativas de líderes políticos, bacharéis e literatos provincianos.

Duas personalidades discursam nas recepções. O poeta Amaro Barreto Sobrinho (escriturário da Delegacia Fiscal em 1919), parente bem próximo do primeiro, o comerciante Amaro Barreto, casado com uma Pedrosa.


E o advogado Afonso Saraiva Júnior (ou “Filho”). Pelo nome sabe-se que é descendente do coronel Afonso Saraiva de Albuquerque Maranhão, nome de travessa em Macaíba (Grande Natal).

O "industrial" Afonso Saraiva, primeiro dono dos casarões "Caxangá" (Macaíba), e do chalé da subida da antiga Avenida Junqueira Aires (acesso da Ribeira para a Cidade Alta), onde morou Luís da Câmara Cascudo.

O primeiro casarão estilo colonial, sede da Fazenda Barra (1850), foi construído pelo coronel Estevão José Barbosa de Moura (1810 - 1891). O compra Afonso e termina como dote para o casamento da filha, dona Segunda, com o sobrinho major Antônio de Andrade Lima (1900).

Conhecido como “casarão do largo de São José” Andrade Lima o batiza de “Solar do Caxangá”, que significa “Casa de Goiamum”, crustáceo da família dos caranguejos cuja carapaça possui coloração azul. No período o solar foi o centro da propaganda oposicionista no município.

Entre 1981/89 sedia a secretaria municipal de Trabalho e Ação Social. Recuperada pela família para moradia (2002) é vendida ao recém fundado Instituto Pró-Memória de Macaíba, presidido pelo médico Olímpio Maciel.

O Instituto, com sede na Rua Pedro Velho (Centro), tem como fim salvaguardar o espólio cultural e a história do município. O prédio foi tombado pelo patrimônio histórico estadual no mesmo ano.

Inclusive o major Saraiva e o comendador Umbelino de Mello foram testemunhas do primeiro casamento civil em Macaíba, quando da separação Igreja - Estado com a Proclamação da República e queda do II Reinado.

O local é o mesmo, mas o endereço oficial mudou para homenagear quem residiu no antigo casarão da Avenida Câmara Cascudo, 377. Construída (1900) por Afonso é adquirido (1910) pelo então futuro sogro do escritor, desembargador José Teotônio Freire (1858-1944).

Em 1947 Cascudo compra o chalé da sogra, Maria Leopoldina Viana Freire, e lá vive até o falecimento (1986). Foi tombada pelo governo estadual (Portaria 045/90). Após o falecimento da esposa, Dáhlia (1997), a casa permanece aos cuidados da filha, Anna Maria Cascudo Barreto.

Em 2005 encontrava-se comprometida por infestação de cupins no telhado. Para solucionar este problema foi realizada restauração a cargo do engenheiro civil Camilo de Freitas Barreto, marido de Anna Maria, iniciada em dezembro e concluída em dezembro de 2009, com recursos próprios.

A casa foi aberta à visitação pública, a partir de janeiro de 2010, abrigando o LUDOVICUS – INSTITUTO CÂMARA CASCUDO e possibilitando a todos os interessados conhecer um pouco mais sobre o mestre potiguar.


FONTES

Almanaque Laemert

A Ordem

A República

Potiguar Notícias

Guia Fácil

História e Genealogia (Anderson Tavares de Lira)

Instituto José Maciel

Ipatrimônio (Patrimônio Cultural Brasileiro)

Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo

Nádia Minéia Lago de Deus

Valério Mesquita

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário