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sábado, 25 de janeiro de 2025

Primeiro clássico mossoroense em Natal esmiuçado em livro

O goleiro Souza jogou o "Matutão" pelo GPK em 1972 (Cerro Corá) e era vedete no arco do Tricolor. E Petinha como centroavante modernoso com fitinha no cabelo, a exemplo do folclórico arqueiro do clube das três cores

Kolberg Luna Freire também escreveu a biografia
do ex-jogador Ribamar Cavalcante (na imagem)

O primeiro Potiguar x Baraúnas no “Castelão” é tema de obra esportiva do jornalista Kolberg Luna Freire – “45, um tempo de futebol e um poema” – lançado em 2018

UM POTIBA NA CAPITAL

No ano de 1974, a cidade de Mossoró teve o seu representante no campeonato estadual de futebol, com a presença do Potiguar. O Baraúnas somente entraria na disputa em 1976.

Porém, em 10 de março de 1974, ocorreu, pela primeira vez, o clássico-rei mossoroense fora da cidade oestena.

Uma semana antes (3/3), o América foi a Mossoró para partida amistosa contra o Potiguar. Esse jogo foi denominado de "partida da amizade", uma alusão à negativa de ABC e Baraúnas de realizarem um jogo amistoso em Mossoró, poucos dias antes, por divergência sobre quem apitaria a partida, pois o Mais Querido queria um árbitro de Natal, enquanto o Leão de Doze Anos um mossoroense.  Mesmo com toda intermediação do senhor Ângelo Augusto Fernandes, diretor da Rádio Difusora de Mossoró, interessado em promover o embate, esse jogo não aconteceu.

Nesse vácuo, América e Potiguar decidiram homenagear Washington, filho de Mossoró, e que integrava o plantel americano. Jogaram amistosamente, partida que terminou em 0 x 0, tendo o presidente Dilermando Machado convidado o Potiguar a fazer a preliminar na partida de estreia do América no Campeonato Nacional, uma semana depois. O então prefeito de Natal, o mossoroense Jorge Ivan Cascudo Rodrigues, comprou a ideia do presidente americano e estendeu o convite ao Baraúnas, para que ambas as equipes se apresentassem em Natal, nas dependências do Estádio Humberto de Alencar Castelo Branco, fazendo a preliminar da estreia do América no Campeonato Nacional daquele ano, contra o Avaí. O prefeito de Mossoró, Dix-Huit Rosado, colaborou no transporte das equipes.

Uma festa a satisfazer o torcedor da capital e do interior.

O jogador Manoel Ananias, que fez sua carreira praticamente toda jogando no Potiguar, se tornando um dos ídolos do time Príncipe, curiosamente nesse joggo atuou com a 10 do Baraúnas, onde iniciou a sua carreira. Disse o talentoso meia esquerda, que, também, atuou de volante e quarto-zagueiro:

"Essa partida foi um jogo de festa, até porque uma semana depois a gente se enfrentaria de novo na final do campeonato mossoroense de 1973. Os dois times ficaram hospedados num hotel ali perto da fábrica da Guararapes."

Na partida amistosa, por um lado, o Potiguar não contou com Itamar, o seu goleiro titular, que estava brigado com o técnico Renê Dantas e este exigia um formal pedido de desculpas do arqueiro, para que ele retornasse a equipe titular. Por outro lado, o treinador José Maria Calado, do Baraúnas, escalou o craque Petinha, que havia participado da campanha Nacional de 1972, pelo ABC, mas estava às turras com a diretoria do Leão do Oeste, que o considerava esnobe e com pouco interesse de permanecer no clube.

Petinha, de fato, não permaneceu no Tricolor de Doze Anos, em 1974, tendo se juntado a Itamar - que foi repatriado - e os demais integrantes do "time Príncipe", a fim de participar do Torneio Estadual no restante do semestre.

As equipes entraram em campo com seus uniformes oficiais. O Potiguar de calções brancos, camisas vermelhas e meiões brancos e o Baraúnas de calções verdes, camisa tricolor em listras verticais verde, vermelha e branca e meiões verdes. Como se tratou de um jogo festivo as equipes jogaram de forma relaxada e somente no fim do primeiro tempo, Ribeiro abriu o placar para o tricolor. Petinha, mostrando que estava disposto a ser útil à equipe, fez 2 x 0. O Potiguar descontou com o ponta direita Vadinho, de pênalti, marcado pela bandeirinha José Barbosa e contestado pela defesa do Baraúnas.

O jogo foi transmitido, além das rádios da capital, também pela Rural, Tapuio e Difusora e teve a adesão dos conterrâneos da capital do oeste, residentes em Natal, além de uma grande caravana oriunda de Mossoró para ver as partidas, afinal, o clássico do Oeste tem tanta rivalidade quanto um ABC x América.

A partida terminou com a vitória do tricolor, tendo o jornal "O Mossoroense", edição de 12-03-1974, estampado a seguinte manchete na página dois: "Baraúnas levou a melhor contra o Potiguar em Natal: 2 x 1".

 

FICHA TÉCNICA

Baraúnas 2 x 1 Potiguar

Gols: Ribeiro 7, Petinha 52 e Vadinho 75

Baraúnas: Souza, Edvaldo, Tito, Elói, Batista, João Cunha, Ananias, Ribeiro, Mano, Petinha (Marinho) e Maia

Potiguar: Galego (Weber) Tapioca, JB, Nivaldo Dantas, Altevir, José Maria Oliveira, Elmer (Carestia), Vert (Vadinho), Alzir e Toinho (Pelé)

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