
Veja como votou cada um dos nove
vereadores de Cerro-Corá no Seridó
Auxílio-alimentação:
legal não significa moral
Antonio Ronaldo
Vilar Araújo
Contabilista
A criação de
auxílio-alimentação para vereadores de Cerro Corá pode até encontrar brechas
formais na legislação, mas não encontra respaldo na ética pública nem no senso
comum de justiça.
O problema não é
apenas jurídico — é moral. Em um município onde a população enfrenta
dificuldades reais, com serviços essenciais muitas vezes funcionando no limite,
é injustificável que representantes eleitos se coloquem em posição de
privilégio, garantindo a si mesmos benefícios que a maioria dos trabalhadores
jamais terá.
Vereador não é
uma profissão comum: é um mandato temporário, concedido pelo povo e financiado
com dinheiro público.
Receber verba
extra para alimentação, além dos subsídios já pagos, soa como desconexão da
realidade social.
Enquanto
famílias inteiras lutam para esticar o orçamento até o fim do mês, o
Legislativo municipal discute um benefício que, na prática, só amplia a
distância entre representante e representado.
O argumento de
“legalidade” não basta. A ética republicana exige mais: exige contenção,
responsabilidade com os recursos públicos e coerência com a função de servir,
não de se servir.
Em tempos de
tanta dificuldade, o mínimo que se espera dos agentes políticos é exemplo — e
não a busca de novas formas de custear privilégios.
Cerro Corá
merece políticas públicas sólidas, transparência e respeito. Qualquer benefício
que não reverta diretamente em melhorias para a população pode até caber na lei,
mas não cabe na moralidade pública.
E isso, para
quem escolheu a vida pública, deveria pesar mais do que qualquer vantagem
pessoal.
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