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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Contador opina sobre vale-alimentação para vereadores em Cerro-Corá

Veja como votou cada um dos nove
vereadores de Cerro-Corá no Seridó

Auxílio-alimentação: legal não significa moral

Antonio Ronaldo Vilar Araújo

Contabilista

 

A criação de auxílio-alimentação para vereadores de Cerro Corá pode até encontrar brechas formais na legislação, mas não encontra respaldo na ética pública nem no senso comum de justiça.

O problema não é apenas jurídico — é moral. Em um município onde a população enfrenta dificuldades reais, com serviços essenciais muitas vezes funcionando no limite, é injustificável que representantes eleitos se coloquem em posição de privilégio, garantindo a si mesmos benefícios que a maioria dos trabalhadores jamais terá.

Vereador não é uma profissão comum: é um mandato temporário, concedido pelo povo e financiado com dinheiro público.

Receber verba extra para alimentação, além dos subsídios já pagos, soa como desconexão da realidade social.

Enquanto famílias inteiras lutam para esticar o orçamento até o fim do mês, o Legislativo municipal discute um benefício que, na prática, só amplia a distância entre representante e representado.

O argumento de “legalidade” não basta. A ética republicana exige mais: exige contenção, responsabilidade com os recursos públicos e coerência com a função de servir, não de se servir.

Em tempos de tanta dificuldade, o mínimo que se espera dos agentes políticos é exemplo — e não a busca de novas formas de custear privilégios.

Cerro Corá merece políticas públicas sólidas, transparência e respeito. Qualquer benefício que não reverta diretamente em melhorias para a população pode até caber na lei, mas não cabe na moralidade pública.

E isso, para quem escolheu a vida pública, deveria pesar mais do que qualquer vantagem pessoal.

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