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terça-feira, 11 de novembro de 2025

Neymar joga contra o tempo em duas frentes

Neymar Júnior em visita ao estádio
Red Bull Arena, na cidade  de
Harrison, Estados Unidos

Sobre reclamação das substituições


JOSÉ MARIA DE AQUINO

Jornalista


Já estive chefe durante o dia e "peão" à noite – missão muito mais fácil de cumprir. Seguia a pauta, mesmo as pautas-bombas, e pronto.

Mas o papo não é sobre jornalismo. É sobre futebol e comportamento de jogadores e técnicos.

Nessa longa estrada da vida, já vi muitos jogadores reclamarem de serem substituídos durante o jogo e por serem barrados.

Para os barrados, Telê era curto e suave: não te dei explicações quando escalei, não dou quando tiro. Telê e poucos mais.

A cena é mais forte quando são substituídos no jogo. Alguns reclamam baixinho, balançando a cabeça – que dá para aceitar.

Outros, mais "nervosinhos", jogando para a torcida acabam jogando também os técnicos.

A gente sabe de técnicos que "foram para cima", até no braço, quando, depois, as portas dos vestiários são fechadas.

O dia que também me irritei, e não perdoei, foi aquele em que Ganso, no Santos, fez sinal que não ia sair – e não saiu.

Esperei o dia seguinte para ler e ouvir como Dorival Jr, o técnico reagiu no vestiário e na conversa com a diretoria, mas nada.

"Enterrei" Ganso como atleta e lamentei Dorival Júnior. Podemos e devemos ser tranquilos, pensar três vezes, mas não engolir seco.

No jogo de ontem – Flamengo 2 x 0 Santos – Neymar reagiu de forma que todos vissem, quando foi substituído.

Sei que ele sempre reclamou de tudo, com gestos largos, mas o vi "ingrato", com o time e com o técnico. Nada a ver com os gols marcados sem ele.

As reclamações de tudo – gramado sintético, arbitragem, colegas, técnico – já não são apenas por conta de seu gênio rebelde.

A ele se deve acrescentar seu declínio físico que, claro, influiu no técnico. Jorge Jesus estava certo quando o liberou.

Ancellotti está certo quando não o convoca. Só não vê quem não quer que Neymar deve ser esquecido, falando de Mundial.

Vai espernear. Os que hoje teimam que "ainda dá", criticarão. Mas com o tempo ele entenderá que ninguém consegue vencer o tempo.

Dirão que Neymar ainda é jovem, esquecendo que ele acelerou a máquina do tempo como atleta, chegando mais cedo à velhice.

Não é só no futebol, nas atividades físicas em geral, que o tempo se mostra implacável; impossível de ser vencido.

Em todas as atividades é assim, incluindo as intelectuais.

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