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América: Luiz Carlos Scala, Ivan Silva, Djalma Linhares, Paúra, Ubirajara, Cosme, Bagadão, João Daniel, Élcio Xavier, Afonsinho e Gilson Porto |
Everaldo Lopes Cardoso
TRIBUNA DO NORTE (2/3/2008)
“A quem trabalha, Deus ajuda”, um antigo provérbio popular, serviu
apenas de consolo e alívio espiritual para o craque baiano e ídolo do América
de Natal, Afonsinho (Afonso Souza da Cunha, Salvador/BA 1941 - Natal/RN 2025).
Eleito várias vezes o melhor jogador da partida, campeão da Taça Almir
no Campeonato Brasileiro de 1973, Afonsinho não conseguiu acumular dinheiro
suficiente para construir um futuro financeiramente tranquilo.
Tinha um estilo elegante de jogar, na carreira acumulou raros
cartões e um batalhão de admiradores do seu
estilo clássico de jogar.
Na opinião dos torcedores que acompanharam a trajetória desse bom
baiano defendendo o clube rubro, ele era um dos raros jogadores de meio de
campo que sabiam a fórmula de parar Alberi sem ter de apelar para a violência.
Um dos grandes admiradores do meio-campista americano, o servidor
público aposentado, Elias de Melo, quando era jogo ABC x América o famoso
camisa 10 alvinegro tinha que se desdobrar e mostrar todo seu imenso talento
para fugir da marcação e não ser parado por Afonsinho. Que também tinha muita
bola.
O baiano Afonso jogou no América toda a temporada de 1973, inicialmente
o Estadual e, a seguir o Campeonato Brasileiro.
Mas, antes de vir defender o clube rubro passou por quase todos os
clubes baianos, até chegar ao Bahia, a grande força do futebol da
Boa Terra, diz Afonsinho.
Pela ordem: São Cristóvão, Colo Colo, Galícia, Leônico, Confiança,
Ypiranga, Botafogo, Vitória e, finalmente, no mais popular de todos, o Esporte
Clube Bahia, e ainda o América Mineiro, e os norte-rio-grandenses América/RN e
Potiguar de Mossoró.
Seus grandes momentos na curta carreira, já que parou com 32 anos ainda
em plena forma, foram no Tricolor de Aço (o Bahia) e no América, titular
absoluto em toda a temporada 73.
Nas primeiras participações defendendo o clube rubro o time base
escalado pelo técnico Maurílio José (Velha) era formado por Ubirajara, Mário
Braga, Cláudio, Djalma e Chico (Cosme), Afonsinho, Paúra e Hélcio Jacaré,
Bagadão, Santa Cruz e Gilson Porto, que era o outro baiano no elenco rubro.
Mais adiante, o time foi ganhando novos contratados, tendo já na direção
técnica o badalado treinador Sebastião Leônidas, com esta a formação base:
Ubirajara, Mário Braga, Scala, Emídio e Cosme, Afonsinho, Careca e Hélcio,
Almir, Santa Cruz e Gilson Porto.
Afonsinho tem grandes recordações da campanha dos rubros no Brasileirão
de 73, quando não havia ainda a Série “A”, mas a CBF mantinha as melhores
equipes do grupo de elite. O América ficou na colocação 25 entre 40
clubes.
Não foi uma grande campanha, mas o fato de não haver perdido para nenhum
clube do Nordeste acabou fazendo jús ao título de campeão do Nordeste, ganhando
da revista Placar a Taça Almir, com esta campanha: 0 x 0 Rio Negro, 2 × 0 Ceará, 2 × 0 Sergipe, 2 × 2 Santa Cruz, 2 × 0
Náutico, 2 × 1 Remo e 1 × 1 Vitória.
Almir Albuquerque foi um famoso atacante pernambucano que fez sucesso no
Vasco e no Flamengo, jogador temperamental, acabou morrendo
assassinado com um tiro na nuca, num bar de Copacabana, dia 6 de fevereiro de
73.
Em homenagem ao controvertido jogador, a Placar criou a Taça Almir, ganha pelo time potiguar do América.
Afonsinho participou da inesquecível melhor de três contra o ABC que deu
ao América o direito de representar o RN no Brasileirão de 73, o jogo em que um
gol de David decidiu a parada na prorrogação do terceiro jogo: Ubirajara, Ivan
Silva, Scala, Mário Braga e Cosme, Afonsinho, Romualdo e David, João Daniel,
Washington, Ronaldinho (Santa Cruz) e Gilson Porto. Árbitro, Valquir
Pimentel/RJ. (colaborou o pesquisador Newton Alves).
Bate-Bola
Afonsinho – Ex-jogador de futebol
Você teve um sério desentendimento com o treinador Sebastião Leônidas.
Como começou essa confusão?
Embora reconheça que Leônidas era um grande treinador, como comprovam os
seguidos jogos invictos, não sei qual o motivo pelo qual não ia muito com minha
cara. Nos aprontos, eu “engolia a bola”, mas na hora de distribuição das
camisas do time titular, entrava Paúra no meu lugar. Certa vez, o amigo Hélcio
me disse que viu quando Paúra (já falecido) presenteou Leônidas com um relógio.
Certo dia, indaguei a Leônidas se Paúra era seu preferido porque lhe havia
presenteado um relógio. Ele ficou uma fera comigo, e aí é que fiquei barrado
mesmo.
Você extravasou toda a sua mágoa em cima do Léo. Como foi?
Eu havia deixado o América chateado com o “gelo” de Leônidas, e fui para
o Potiguar de Mossoró. Depois de Potiguar 2×1 América, eu tinha feito o gol da
vitória dos mossoroenses em Mossoró, tive uma ótima atuação, quando a partida
acabou me dirigi ao banco do América, e fiz que ia cumprimentar Leônidas.
Joguei minha camisa, pesada de suor, na cara dele. Formou-se a confusão, chegou
a turma do deixa disso…
Você não acha que parou cedo?
Acho, mas também eu comecei muito cedo. Tenho certeza de que, fosse nos
dias atuais, modéstia à parte, hoje não estaria ganhando menos de R$ 30 mil…
Cite os melhores do seu tempo:
Alberi e Hélcio “Jacaré”, os melhores dirigentes foram Dilermando
Machado, Ruy Barreto, Henrique Gaspar e Manoel Barreto.
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