Consulta

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

"Afonsinho, o craque que a sorte não acompanhou"

América: Luiz Carlos Scala, Ivan Silva, Djalma Linhares, Paúra, Ubirajara, Cosme, Bagadão, João Daniel, Élcio Xavier, Afonsinho e Gilson Porto

Everaldo Lopes Cardoso

TRIBUNA DO NORTE (2/3/2008)

“A quem trabalha, Deus ajuda”, um antigo provérbio popular, serviu apenas de consolo e alívio espiritual para o craque baiano e ídolo do América de Natal, Afonsinho (Afonso Souza da Cunha, Salvador/BA 1941 - Natal/RN 2025).

Eleito várias vezes o melhor jogador da partida, campeão da Taça Almir no Campeonato Brasileiro de 1973, Afonsinho não conseguiu acumular dinheiro suficiente para construir um futuro financeiramente tranquilo.

Tinha um estilo elegante de jogar, na carreira acumulou raros cartões e um batalhão de admiradores do seu estilo clássico de jogar.

Na opinião dos torcedores que acompanharam a trajetória desse bom baiano defendendo o clube rubro, ele era um dos raros jogadores de meio de campo que sabiam a fórmula de parar Alberi sem ter de apelar para a violência.

Um dos grandes admiradores do meio-campista americano, o servidor público aposentado, Elias de Melo, quando era jogo ABC x América o famoso camisa 10 alvinegro tinha que se desdobrar e mostrar todo seu imenso talento para fugir da marcação e não ser parado por Afonsinho. Que também tinha muita bola.

O baiano Afonso jogou no América toda a temporada de 1973, inicialmente o Estadual e, a seguir o Campeonato Brasileiro.

Mas, antes de vir defender o clube rubro passou por quase todos os clubes baianos, até chegar ao Bahia, a grande força do futebol da Boa Terra, diz Afonsinho.

Pela ordem: São Cristóvão, Colo Colo, Galícia, Leônico, Confiança, Ypiranga, Botafogo, Vitória e, finalmente, no mais popular de todos, o Esporte Clube Bahia, e ainda o América Mineiro, e os norte-rio-grandenses América/RN e Potiguar de Mossoró.

Seus grandes momentos na curta carreira, já que parou com 32 anos ainda em plena forma, foram no Tricolor de Aço (o Bahia) e no América, titular absoluto em toda a temporada 73.

Nas primeiras participações defendendo o clube rubro o time base escalado pelo técnico Maurílio José (Velha) era formado por Ubirajara, Mário Braga, Cláudio, Djalma e Chico (Cosme), Afonsinho, Paúra e Hélcio Jacaré, Bagadão, Santa Cruz e Gilson Porto, que era o outro baiano no elenco rubro.

Mais adiante, o time foi ganhando novos contratados, tendo já na direção técnica o badalado treinador Sebastião Leônidas, com esta a formação base: Ubirajara, Mário Braga, Scala, Emídio e Cosme, Afonsinho, Careca e Hélcio, Almir, Santa Cruz e Gilson Porto.

Afonsinho tem grandes recordações da campanha dos rubros no Brasileirão de 73, quando não havia ainda a Série “A”, mas a CBF mantinha as melhores equipes do grupo de elite. O América ficou na colocação 25 entre 40 clubes.

Não foi uma grande campanha, mas o fato de não haver perdido para nenhum clube do Nordeste acabou fazendo jús ao título de campeão do Nordeste, ganhando da revista Placar a Taça Almir, com esta campanha: 0 x 0 Rio Negro, 2 × 0 Ceará, 2 × 0 Sergipe, 2 × 2 Santa Cruz, 2 × 0 Náutico, 2 × 1 Remo e 1 × 1 Vitória.

Almir Albuquerque foi um famoso atacante pernambucano que fez sucesso no Vasco e no Flamengo, jogador temperamental, acabou morrendo assassinado com um tiro na nuca, num bar de Copacabana, dia 6 de fevereiro de 73.

Em homenagem ao controvertido jogador, a Placar criou a Taça Almir, ganha pelo time potiguar do América.

Afonsinho participou da inesquecível melhor de três contra o ABC que deu ao América o direito de representar o RN no Brasileirão de 73, o jogo em que um gol de David decidiu a parada na prorrogação do terceiro jogo: Ubirajara, Ivan Silva, Scala, Mário Braga e Cosme, Afonsinho, Romualdo e David, João Daniel, Washington, Ronaldinho (Santa Cruz) e Gilson Porto. Árbitro, Valquir Pimentel/RJ. (colaborou o pesquisador Newton Alves).

 


Bate-Bola

Afonsinho – Ex-jogador de futebol

Você teve um sério desentendimento com o treinador Sebastião Leônidas. Como começou essa confusão?

Embora reconheça que Leônidas era um grande treinador, como comprovam os seguidos jogos invictos, não sei qual o motivo pelo qual não ia muito com minha cara. Nos aprontos, eu “engolia a bola”, mas na hora de distribuição das camisas do time titular, entrava Paúra no meu lugar. Certa vez, o amigo Hélcio me disse que viu quando Paúra (já falecido) presenteou Leônidas com um relógio. Certo dia, indaguei a Leônidas se Paúra era seu preferido porque lhe havia presenteado um relógio. Ele ficou uma fera comigo, e aí é que fiquei barrado mesmo.

Você extravasou toda a sua mágoa em cima do Léo. Como foi?

Eu havia deixado o América chateado com o “gelo” de Leônidas, e fui para o Potiguar de Mossoró. Depois de Potiguar 2×1 América, eu tinha feito o gol da vitória dos mossoroenses em Mossoró, tive uma ótima atuação, quando a partida acabou me dirigi ao banco do América, e fiz que ia cumprimentar Leônidas. Joguei minha camisa, pesada de suor, na cara dele. Formou-se a confusão, chegou a turma do deixa disso…

Você não acha que parou cedo?

Acho, mas também eu comecei muito cedo. Tenho certeza de que, fosse nos dias atuais, modéstia à parte, hoje não estaria ganhando menos de R$ 30 mil…

Cite os melhores do seu tempo:

Alberi e Hélcio “Jacaré”, os melhores dirigentes foram Dilermando Machado, Ruy Barreto, Henrique Gaspar e Manoel Barreto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário