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quinta-feira, 14 de agosto de 2025

"Futebol mossoroense: um passo à frente, outro atrás"

No América bicampeão (1930/31) o centromédio mossoroense Hemetério Canuto de Souza (último em pé a direita) e o irmão Raimundo (primeiro agachado). Como ponta-esquerda o oficial do Exército Everardo Barros Vasconcelos, nome do estadinho da "Pousada do Atleta" no bairro de Capim Macio (Zona Sul de Natal)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Novamente o repórter usa o expediente de aproveitar uma frase com aspas – referente ao título de mais uma reportagem do Diário de Natal – para dar sequência a outra abordagem da imprensa em que aparece o atacante Antônio Mota da Silva Filho, o “Carestia”.

Agora, ao invés de servir como abertura do texto principal, é usada como título de outra reportagem da série em que aparecem personagens secundários, coadjuvantes e paralelos ao principal, o jogador filho do líder da charanga da torcida do Potiguar de Mossoró, Mota, pai.

A reportagem – edição da quarta-feira (7 de outubro de 1970) – ocupa quase toda a metade abaixo da página com uma fotografia e sete parágrafos sobre o futebol mossoroense dos anos 30/60, período de maior incidência de aparecimento de craques exportados para os grandes centros, incluindo Recife e Rio de Janeiro.

Das oito colunas do espelho a reportagem é ilustrada com uma imensa fotografia em cinco colunas do Estádio Manoel Leonardo Nogueira (inaugurado em 1967) com a seguinte legenda em duas linhas: - Um grande estádio para um futebol que dá um passo diante, outro atrás. Nasceu pelo esforço de Manoel Leonardo, porém os que ficaram não estão sabendo aproveitar a obra.

O texto, não assinado, cobre a imagem na parte superior e ladeia de cima abaixo a direita da página. E começa com um certo menosprezo e empáfia assim: “Quem deu José Mendonça dos Santos (Dequinha), Jorge Tavares de Morais (irmão de Tidão) e Zé Leão Arset de Moura não pode – hoje – dar Carestia, Arranha e João Pelé. O desabafo é de um mossoroense saudosista, membro da família Canuto, a mesma que contribuiu para a famosa “Seleção Fantasma do Nordeste” (1934).”

E segue: - Entre os 11 craques que foram a Bahia (semifinais) estavam os irmãos Heméterio (preso no ano seguinte suspeito de envolvimento na Intentona Comunista), centromédio, e Raimundo, ponta-esquerda chute violentíssimo, ambos do América de Natal, cuja família ainda deu o zagueiro americano José Canuto de Souza, depois dirigente de clube amador suburbano e do Tração da Rede Ferroviário, que deu origem ao tricolor Ferroviário de Natal dos anos 60/70.

E aparecem os nomes não necessariamente pela ordem de revelações dos clubes mossoroenses: no América do Recife Julinho (Júlio Jesum de Carvalho), Francisco Valeriano de Almeida (América pernambucano e do América carioca), Bira (Fortaleza, Ceará, Ferroviário, Sport Recife e Portugal), João Tavares de Morais (Tidão), Jeronimo Felipe (Gerim) e José Augusto (goleiros) e o ponta-direita Juarez (Francisco Almeida de batismo e dos Canuto com passagem pelo ABC, América/RN e Calouros do Ar de Fortaleza).

Gente da época do campinho da Limitada e da Rua Benjamin Constant até o aparecimento do “Nogueirão”.

Muitos desses craques, o leitor pode até verificar, já foram alvos de reportagens isoladas ou séries especiais e inéditas deste JORNAL DA GRANDE NATAL.

Pena não ter a escalação completa do selecionado mossoroense do começo dos anos 60. O goleiro é Jairo, que passou pelo Centro Esportivo Açuense (CEA), no Riachuelo Atlético Clube (RAC), em Natal, e jogou mais de dez anos no tricolor Calouros do Ar (Fortaleza), campeão cearense pela única vez em 1955 com o treinador e major da Aeronáutica Paulo Salgueiro, que treinou o América/RN pouco tempo (1959) e depois foi diretor do América carioca (1970), Na ponta-esquerda Francisco Gervásio, o popular "Becece", campeão pelo Fortaleza e com passagens pela Sociedade Esportiva Palmeiras e por clubes do interior paulista nos anos 70.

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