“O hobby de um ex-craque de futebol”
Tribuna do Norte (28/5/2006)
- Na ampla residência da Rua Pedro Velho, no bairro de Lagoa
Nova, mora o casal Célia e Creso Guanabara de Souza, ela professora do Estado,
ele ex-craque de futebol com passagem por vários clubes de Natal, Recife,
Fortaleza e São Paulo, ex-servidor do Ministério da Saúde, aposentado desde
2003.
Um
único filho, médico pneumologista fazendo residência médica em São Paulo. O
hobby de Creso é fabricar réplicas perfeitas de aviões, lanchas, automóveis,
carretas, carros de corrida Fórmula 1.
Embora
sempre tivesse inclinação para realizar esse tipo de atividade – que exige
muita paciência e tempo para executá-la, Creso somente passou a dedicar às
vezes até tempo integral a esse hobby ao aposentar-se como servidor público.
Como vinha alimentando
a vontade de fabricar réplicas miniaturizadas, muito cedo foi equipando a
oficina nos fundos da casa, cujo interior parece mais uma pequena loja de
ferragens, com ferramentas de todo tipo e tamanho, um amplo estoque de
tinta, borracha para forro, couro, plásticos os mais diversos de várias
cores, serras, esmeril, broca, enfim, uma parafernália.
E para
que nada falte na hora de fabricar mais uma peça todos os domingos visita a
feira do “vuco-vuco” da Cidade da Esperança, onde encontra dezenas de pequenas
peças de metal, plástico ou madeira, que ajudam muito no fabrico das réplicas.
Para o
sempre criativo Creso Guanabara uma enceradeira quebrada e sem serventia, um
aspirador de pó, ventilador, qualquer utensílio doméstico, depois de
desmontando pode ser o “estalo” para o fabrico de mais uma réplica.
Foi
assim que ele construiu dois belíssimos jatos 747 e Airbus 330, da mesma
maneira que, de uma velha enceradeira remanescente dos anos 70, aproveitou a
carcaça e construiu uma lancha para viagens turísticas. Assim foi com um resto
de ventilador que se transformou em um tanque de guerra.
Por
trás de um inventivo fabricante de réplicas está uma pessoa simples, que não
gosta de badalações, tanto que confessa ser esta a primeira entrevista para
jornal que está concedendo desde quando parou com o futebol, em 1968, e começou
a montar a oficina para construir as réplicas.
Meses
atrás colocou algumas peças por ele fabricadas numa exposição da antiga TV
Cabugi. Diz que a repercussão foi enorme, recebeu inúmeras ofertas para vender
peças expostas, mas garante que o amor que nutre por elas, “só se aparecer
algum árabe com uma mala cheia de euros pode pensar em desfazer-se”, frisa
Creso, dando uma gargalhada.
A paixão pelo que fabrica é o mesmo de uma mãe tem para com um filho recém-nascido. Tanto é que, quando recebe convite para expor suas peças, Creso começa a imaginar quantas vai levar e como transportá-las na mala do seu carro.
Para ele é muito
trabalhoso, até porque algumas peças ocupam muito espaço. A carreta, por
exemplo, mede mais de um metro de comprimento. “Meu projeto é, um dia, adaptar
um veículo grande para uma exposição móvel de tudo que já fabriquei”, ressalta
Guanabara.
Um
hábil e talentoso atacante
O artesão de
réplicas miniaturizadas Creso Guanabara, entre os anos 58 e 68 foi um hábil e
talentoso atacante, tendo começado a carreira no infantil do Riachuelo. Suas
maiores virtudes eram a velocidade e o drible fácil. Por isso, sempre cobiçado
por outros clubes, o que fez ampliar seu currículo, tendo defendido o Alecrim
campeão de 1963, após o Verdão ter penado durante anos para chegar a um título
nos profissionais.
Geleia era o
treinador, o vice de futebol era a figura humana querida por todos, que foi
Bastos de Santana. “Um campeonato como aquele ninguém nunca esquece –
acrescenta Creso.
Curiosamente,
o título foi decidido em 2 abril de 64. Creso jogou ainda no Ferroviário do
Recife e do Ceará, Calouros do Ar/CE, Globo, Santa Cruz, Atlético e América de
Natal. Chegou a passar três meses no Corinthians Paulista a convite do clube
alvinegro, sendo observado por Osvaldo Brandão.

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